São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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A metamorfose do PSDB

FERNANDO RODRIGUES

SÃO PAULO - Apesar do infarto de Sérgio Motta, caminha celeremente a negociação para eventual casamento entre PSDB e PMDB. A idéia é fazer uma aliança formal.
Serjão havia dado o seu OK antes de comer o famoso Big Mac e cair doente. Por isso, o líder tucano na Câmara, José Anibal, continuou os entendimentos iniciados há três semanas.
Para os tucanos, a idéia prosperou depois do colapso do Banco Econômico. As ameaças do PFL deixaram o governo com medo, às vésperas de votar as mudanças nos trechos mais relevantes da Constituição.
Os peemedebistas simpáticos à idéia vêem na eventual aliança uma possibilidade de sobrevida do e no partido. Apoiariam um governo que consegue manter a inflação baixa para padrões brasileiros. De quebra, até algum cargo poderia aparecer -uma velha e atávica paixão do PMDB.
Uma das moedas de troca mais comentadas é a ida do ex-vice-governador de São Paulo Aloizio Nunes Ferreira para a cadeira hoje ocupada por Dorothea Werneck, no Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Mas isso é pura especulação. Dorothea já teve sua queda anunciada várias outras vezes. E não caiu.
É intangível o resultado dessa movimentação tucana. Para quem acompanha política e está preocupado com o resultado da revisão constitucional, é importante notar o seguinte:
1) O PSDB não tem certeza sobre o número de votos que terá nas votações de reforma tributária e da Previdência Social. Por isso, existe essa tentativa de aproximação com o PMDB e com quem mais tiver interesse;
2) Os tucanos parecem não ter preocupação em ver a sigla que ocupam transformar-se em "partido-ônibus". Desde o início do ano, pulou de 62 para 76 deputados sua bancada na Câmara. A meta é atingir cem até dezembro;
3) O PFL está enfurecido com as tentativas tucanas de independência. Pode azedar de novo a aliança que colocou FHC na Presidência.
Para os puristas, fica a constatação de que o PSDB vai se metaforseando no que foi o PMDB um dia. O mesmo PMDB que FHC deixou para formar seu partido: o PSDB.

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