São Paulo, terça-feira, 2 de janeiro de 1996
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Covas atrela investimentos à privatização

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

A retomada dos investimentos do Estado de São Paulo no ano que se inicia vai depender do sucesso do programa de privatização do governador Mário Covas (PSDB), que em 1995 praticamente não saiu do papel.
No ano que termina, o governador tucano suspendeu a maior parte dos investimentos do Estado, sucateando o chamado setor social, e o Programa de Privatização, Concessão e Parcerias não produziu resultados financeiros.
Para 1996, ano de eleições municipais, o Orçamento do Estado prevê a destinação de R$ 500 milhões para investimentos, a maioria deles em obras nas áreas de saúde e de transportes.
Essa verba, diz o secretário André Franco Montoro Filho (Planejamento), virá exclusivamente do programa de privatização do Estado, comandado pelo vice-governador, Geraldo Alckmin (PSDB).
O valor previsto para investimentos durante o ano representa pouco menos da metade da arrecadação mensal do Estado. São Paulo arrecadou, em média, R$ 1,1 bilhão nos últimos três meses.
Pelos dados do secretário de Planejamento, o governo pode obter mais do que os R$ 500 milhões previstos inicialmente com a venda da Ceagesp, hotéis, balneários e a concessão de serviços públicos para a iniciativa privada.
Um ano depois de os tucanos tomarem posse no Palácio dos Bandeirantes, nenhum bem do Estado ou serviço público foi repassado para a iniciativa privada, produzindo certa irritação em Covas.
Durante a última reunião do primeira escalão, encerrada na manhã da quinta-feira passada, o governador cobrou mais agilidade no programa de privatizações.
Autorizada pela Assembléia Legislativa em 1994, a venda da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo), ficou para 1996.
Como explica o vice-governador, a administração estadual está na fase de "modelagem" para a venda da Ceagesp, que inclui 13 entrepostos e 60 armazéns.
Duas empresas contratadas para fazer a avaliação da empresa já concluíram o levantamento. Resta saber, diz Alckmin, como se dará a venda, se um pacote fechado ou cada entreposto separadamente.
O governo não divulga o valor mínimo para a venda de seus bens para não prejudicar a futura negociação. O estudo de modelagem para a venda da Ceagesp dura pelo menos mais três semanas. A partir daí, o governo tem de publicar um novo edital para iniciar o processo.
Outro projeto em fase de definição é a venda de sete hotéis e um balneário pertencentes ao Estado. Logo no início do governo, Covas declarava ser um "absurdo" o Estado ter imóveis desse tipo.
Mesmo autorizada pela Assembléia, a venda não se concretizou. No início do 1996, o governo deve abrir licitação para contratação das empresas que farão o levantamento e a avaliação desses bens, estudo que, pela expectativa do vice, estará concluído em 120 dias.
A própria Assembléia contribuiu para o atraso no programa de privatizações. Enviado ao Legislativo ainda no primeiro semestre pelo governador, o projeto que prevê a venda da Codasp (Companhia de Desenvolvimento Agrícola) ainda não foi aprovado.
Concessões
Na área de concessões, onde a iniciativa privada passa a controlar um dado serviço público, o maior avanço foi no setor de transportes. A mais adiantada delas é a concessão do sistema Anhanguera/Bandeirantes. Está na fase final a escolha da melhor das 14 propostas (sete empresas e sete consórcios).
Na concessão, o governo exige manutenção das estradas, atendimento ao usuário e investimentos (no caso da Anhanguera/Bandeirantes, o prolongamento entre Campinas e Limeira). Em troca, a empresa vencedora explora os pedágios na rodovia por 20 anos. Ganha a concorrência quem oferecer mais pela concessão.
O governo tucano prevê ainda a concessão dos sistemas Castello Branco, Raposo Tavares, D. Pedro com anel viário de Campinas e quatro lotes de estradas menores.
Na área de parcerias, o governo Covas abriu em 1995 a licitação para a conclusão das hidrelétricas de Canoas 1 e 2. O governo espera concluí-las com recursos privados.
Outro plano que pouco avançou em 1995 é o que prevê a troca do presídio do Carandiru por 16 penitenciárias e mais duas casas de detenção. Pela proposta tucana, o setor privado construiria esses presídios. Em troca, passaria a explorar o local onde está o Carandiru.

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