São Paulo, terça-feira, 2 de janeiro de 1996
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PF investiga empresa da família de Benito Gama

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR (BA)

A Bapel (Bahia Petróleo Ltda), empresa da família do deputado federal Benito Gama (PFL-BA), será investigada pela Polícia Federal por conta das notas fiscais encontradas na pasta cor-de-rosa.
O nome do deputado baiano figura na lista da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos) repassada ao Banco Econômico durante a campanha eleitoral de 1990.
Participavam da relação, agora revelada com o episódio da pasta rosa, políticos que teriam sido financiados pelo Econômico.
Nos documentos da pasta, encontrada quando da intervenção federal no banco baiano, além de Benito Gama, constam os nomes de mais 24 candidatos em 1990.
A Bapel possui uma das maiores redes de postos de combustíveis de Salvador e é suspeita, segundo a Folha apurou junto à PF, de ter fornecido as notas para justificar gastos do Econômico com a campanha de Benito Gama.
A emissão de notas fiscais "frias" pode caracterizar a prática de crime de sonegação fiscal.
A empresa está em nome de Osvaldo e Geraldo Gama, irmãos do deputado. Eles rebateram, em entrevista à Folha, a possibilidade de uso ilegal de notas.
Segundo Osvaldo, as despesas que constam na pasta rosa são verdadeiras, mas se referem a uma outra campanha eleitoral: a de um primo de Benito, José Santos Pereira, ex-diretor do Econômico.
Pereira foi candidato pelo PTB a deputado estadual, em 90. Obteve menos de seis mil votos e não conseguiu se eleger.
"Ele (Pereira) utilizou combustível da nossa rede e o Econômico pagou a conta", disse Osvaldo. "As notas são quentíssimas, ao ponto de pegar fogo."
As notas da Bapel encontradas na pasta rosa são de US$ 9.891,46. "Esse caso não tem a menor ligação com Benito, estou falando com toda a sinceridade", afirmou o irmão do deputado.
O nome do primo de Benito aparece também na pasta do banco, com o registro de uma despesa de US$ 69.316,58.
A Folha tentou localizar Pereira, mas não conseguiu. Ele havia saído para uma praia perto de Porto Seguro, segundo informação de seus parentes.
O deputado Benito Gama, também em viagem para Nova York, não foi localizado. "Coloque aí que eu garanto, ele não recebeu um centavo nessa história da pasta", disse o irmão Osvaldo. "Ele vai falar essa mesma coisa para você."
Em declarações recentes, o deputado negou qualquer envolvimento com esse episódio.

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