São Paulo, terça-feira, 2 de janeiro de 1996
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Venda de café em 95 é a maior da década

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas físicas de café torrado e moído nos supermercados, padarias e mercearias fecharam 1995 com um aumento de 19% em relação a 94, segundo pesquisa realizada pela Nielsen. Trata-se da maior taxa de crescimento em volume da década de 90.
Já em faturamento, o incremento foi proporcional às vendas físicas -isto é, de 20%, em média, no mesmo período.
A venda de pó de café rendeu cerca de US$ 1,6 bilhão no ano passado para as lojas de varejo.
"Nos últimos cinco anos, o crescimento nos volumes vendidos no mercado interno era apenas vegetativo, isto é, acompanhava o aumento da população", diz Fernando Martins, gerente de marketing da Melitta.
Segundo ele, o mercado deslanchou em 1995 devido à estabilização da economia. "Com a queda da inflação, a classe mais pobre passou a fazer compras e a consumir mais pó de café."
Queda nos preços
Além disso, um fator que puxou para cima as vendas foi a queda no preço final pago pelo consumidor.
Américo Sato, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), que reúne 1.771 torrefadoras, diz que os preços recuaram nos últimos 12 meses.
Em meados de 94, um quilo de pó de café custava R$ 7. Atualmente, oscila entre R$ 5 e R$ 6.
É que a indústria repassou para o preço final do produto a redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) -de 18% para 7% no imposto cobrado no Estado de São Paulo.
Com isso, o Café do Ponto aumentou em 26% seu faturamento em 95, diz Alexandre do Nascimento Gonçalves, diretor-presidente. A empresa teve uma receita recorde de US$ 86 milhões, contra US$ 68,6 milhões obtidos em 94.
"No dia seguinte à queda de preço em toda a linha de cafés, os pedidos do varejo aumentaram", diz Gonçalves. Resultado: a rentabilidade da empresa se manteve em alta, devido ao aumento do volume de vendas.
Também a Melitta repassou a queda do imposto para o preço final do café e fechou 95 com a maior receita de sua história. O faturamento atingiu US$ 100 milhões, com crescimento de 25% sobre o de 94.
Segundo Martins, o mercado de café torrado e moído não deve registrar um crescimento tão expressivo em volume físico e faturamento neste ano. É que o ganho de renda das camadas mais pobres da população já ocorreu, por causa da queda da inflação.
"Estamos projetando um aumento em torno de 4% em relação a 1995", avalia Martins.
O número leva em conta a perspectiva de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), uma das medidas de riqueza da economia.
Dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) mostram que o consumo do produto no Brasil ainda é baixo, de 3 quilos por pessoa ao ano. Na década de 60, o brasileiro chegou a consumir 4,5 quilos de café por ano.
Em países como Finlândia e Suécia, o consumo gira em torno de 12 quilos por pessoa ao ano.
A meta, diz Sato, da Abic, é vender 15 milhões de sacas (60 quilos) de café por ano no mercado interno até a virada do século. Hoje, o consumo brasileiro é de 10 milhões de sacas (60 quilos).

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