São Paulo, terça-feira, 2 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Um mito a menos

Da hecatombe nuclear à crise da hegemonia norte-americana, passando pela hipótese de uma transição linear do comunismo para sistemas de mercado, praticamente nenhuma grande proposição econômica, política ou ideológica conseguiu sobreviver nos últimos anos. Foi um período pouco generoso com os mitos do pós-guerra.
A crise pronunciada que há mais de três anos afeta a economia japonesa também tem como decorrência a desmoralização desse outro mito, o da superioridade econômica japonesa ou da existência de um "modelo" único que rapidamente colocaria o Japão como pólo de um imaginado "século do Pacífico".
As previsões de crescimento econômico japonês para 1996 estão abaixo de 1%. A crise bancária é talvez a maior da atualidade e o governo japonês, para prejuízo de sua popularidade, já destinou mais de US$ 7 bilhões do orçamento para salvar o sistema financeiro.
Há inúmeros fatores que explicam a reviravolta nessa que já se chegou a imaginar viesse a ser a maior economia do século 21. Houve por exemplo opções discutíveis de política industrial nos anos 80. O "modelo" entrou em crise quando, acompanhando os ventos da globalização, empresas japonesas começaram a sair do país, investindo na Ásia, nos EUA e na Europa.
Instituições que pareciam inabaláveis, como o emprego vitalício ou a fidelidade entre grandes e pequenas empresas, estão sendo ultrapassadas pelos fatos. O "milagre japonês", como outros, é mais um mito que cai por terra.

Texto Anterior: Estado inercial
Próximo Texto: Maluf e o social
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.