São Paulo, terça-feira, 2 de janeiro de 1996 |
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Maluf e o social São inegáveis os méritos do chamado Projeto Cingapura, do prefeito Paulo Maluf, que transfere moradores de favelas para edifícios mais ou menos convencionais. Pode-se discutir se há ou não soluções melhores, mas é indiscutível que os beneficiados vivem melhor nos prédios do que nos barracos. Enquanto a discussão se faz em torno de detalhes técnicos, deixa-se de lado um aspecto fortemente criticável relacionado ao Cingapura. É a propaganda excessiva em torno dele que a prefeitura está fazendo, em especial na televisão. Sabe-se que o número de beneficiados pelo Cingapura é reduzido, entre outras razões, por limitações compreensíveis de natureza orçamentária. Se é assim, cabe perguntar o que é preferível: gastar dinheiro na divulgação do que já foi feito ou poupá-lo para fazer mais? O prefeito paulistano prefere gastar, no que soa a propaganda eleitoral. A imagem de Maluf, justa ou injustamente, tem duas faces contrapostas: a do tocador de obras viárias e a do homem que não se preocupa com o lado social. A propaganda do Cingapura parece ser, acima de tudo, uma tentativa de corrigir essa suposta deficiência na imagem do prefeito, que demonstra, assim, mais preocupação com o seu futuro político do que com uma efetiva ação social. Texto Anterior: Um mito a menos Próximo Texto: Quilombo contemporâneo Índice |
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