São Paulo, quinta-feira, 4 de janeiro de 1996
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Videoconferência é tendência no mercado

RENATO GÓES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Com um pé no terceiro milênio, empresas no Brasil já começam a utilizar sistemas de comunicação de alta tecnologia. Uma das vantagens destes sistemas é a redução nos custos com as inúmeras viagens dos funcionários.
Por isso, o setor de turismo poderá sentir os prós e contras da chegada do século 21, que deverá colocar em xeque antigas práticas. Um bom exemplo disso é o uso dos sistemas de videoconferências. Um dos mais avançados recursos que a informática oferece na área de comunicação.
A Gap, uma empresa de informática que opera com estes sistemas no país, possui duas linhas de videoconferência: A PC Desk Top com uma rede comutada -uma espécie de linha telefônica que transmite sinais digitais- chamada "Person to Person", e o Sistema de Grupo.
O "Person to Person" pode ser instalado, no mínimo, num computador 486, de 3 slots disponíveis, 20 megabytes livres no disco rígido, windows 3.11, DOS 6.2 e monitor VGA. Para a transmissão utiliza canal digital de alta velocidade e seu custo de instalação é de US$ 12 mil.
Já a configuração do Sistema de Grupo é formada por um monitor de, no mínimo, 29 polegadas, uma câmera de vídeo principal, uma câmera auxiliar para envio de documento, console de controle (mesa de controle) e o Codec, que é um computador responsável pelo processamento, transmissão e recepção das imagens e do áudio.
Este equipamento custa por sala de reunião cerca de US$ 50 mil. Além disso, há o custo de transmissão. De São Paulo a Nova York, um canal privativo aberto por 24 horas fica em torno de US$ 22 mil por mês, usando ou não o canal.
Hoje quem realiza o serviço são empresas estatais de telecomunicação como a Embratel e etc. Com a queda do monopólio das telecomunicações, empresas privadas poderão também oferecer este tipo de serviço.
A partir deste momento, segundo Marcelo Alvarenga Oliveira, assistente comercial da GAP, surgirão as chamadas Redes Digitais de Serviços Integradas (RDSI), comuns nos países de Primeiro Mundo.
São redes de comunicação que podem ligar computadores, sistemas de vídeo e telefonias mais abrangentes, como se fosse um terminal telefônico. Com isso, conclui Oliveira, o custo ficará proporcional ao tempo real de transmissão e, portanto, cairá substancialmente.
A Gap afirma ter vendido vários equipamentos para empresas que pretendem diminuir seus números de viagens em reunião de suas sucursais, filiais, conferências, treinamento e feiras.
Para se ter uma idéia, a empresa vendeu 21 sistemas de videoconferência para o banco Bamerindus e, em um mês, mais de 2 mil pessoas já recorreram aos recursos deste equipamento no banco. Marcelo afirma que os empresários, após a aquisição do sistema, chegam a cortar cerca de 60% das viagens consideradas rotineiras.
Outras empresas que compraram o sistema foram: Ford, CCE, Volkswagen, Procter & Gamble, a Dupon e a Whirpool (Brastemp).
O equipamento está disponível no mercado brasileiro há três anos e somente a Gap já instalou mais de 100 sistemas durante este período. A empresa prevê que no ano que vem as vendas deverão crescer cerca de 30%. Nos EUA, onde o sistema já existe há muito mais tempo, já foram instaladas mais de 20 mil máquinas.
Para Sérgio Camargo, presidente da Associação Brasileira de Eventos, a difusão desta alta tecnologia terá várias vertentes. Ele acha que se aplicada em larga escala poderá afetar indiretamente alguns segmentos do setor de turismo como as operadoras, hotéis e companhias aéreas.
Ele acredita que esta tecnologia trará impactos negativos ao setor de congressos: "O objetivo de um congresso é o congressamento das pessoas, a troca direta de comunicação, a interação das pessoas, coisa que uma videoconferência não alcança. A despeito disso, estes eventos também têm o charme de um passeio turístico", diz.
A associação reúne 512 empresas. No Brasil, 2 mil trabalham neste setor. Investem cerca de US$ 100 mil para organizar um evento e têm um retorno de 50%. Em 94, foram realizados cerca de 2 mil eventos e este ano cresceu 12%.

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