São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para sindicalistas, emprego cai

DA REPORTAGEM LOCAL

Todos os sindicalistas ouvidos pela Folha acreditam que, sem alterações na política econômica e nas relações de trabalho, o desemprego vai crescer em 96.
Antônio Carlos Spis, coordenador da Federação Única dos Petroleiros, diz que o objetivo de cortar empregos na Petrobrás já é claro hoje, antes da privatização pretendida pelo governo.
Segundo ele, um exemplo disso é que a empresa se recusa a renovar acordo coletivo que prevê a garantia de emprego.
"Tenho informações de que a meta seria a demissão de 25 mil petroleiros, dos 50 mil existentes hoje", afirma Spis.
O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ricardo Berzoini, acredita que a categoria, hoje com 570 mil bancários em todo o país, poderá ser reduzida em 5% a 10% durante o ano de 96.
"No caso de acontecer privatização de bancos estaduais ou federais, haverá cortes maiores", diz.
Para lutar contra o desemprego, o movimento sindical levantará suas tradicionais bandeiras de luta, como a redução da jornada de trabalho, mas também usará táticas pouco convencionais.
Spis está criando "comissões de fábrica" na Petrobrás para organizar os petroleiros, "que não vão aceitar demissões".
Berzoini quer desenvolver um projeto-piloto: experimentar a criação de bancos comunitários, com controle acionário pulverizado entre pequenos acionistas e que forneça crédito à população de baixíssima renda.
O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, propõe que se estenda a flexibilização da jornada de trabalho para o país inteiro.
Vicentinho sugere também a criação de fóruns de política industrial que estimulem o desenvolvimento do emprego.
Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e diretor da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, vai mais longe: defende a redução dos encargos sociais e novas formas, "mais flexíveis", de contratação.
"O movimento sindical terá de trabalhar com novos conceitos e deixar de lado preconceitos. O governo, terá de reduzir juros. Senão, a coisa vai ficar preta", acredita Paulinho.

Texto Anterior: Desemprego fica estável em nível elevado em 96
Próximo Texto: Economia, educação e cultura
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.