São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
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Paz leva Israel a ampliar relações com o Brasil

ANTONIO CARLOS SEIDL
ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM

Israel quer aproveitar o processo de paz no Oriente Médio e a estabilização da economia brasileira para instalar no Brasil um centro de distribuição de sua indústria de alta tecnologia na América Latina.
Para tanto, o governo israelense acaba de anunciar iniciativas para aumentar a cooperação entre os dois países por intermédio da expansão do comércio bilateral e de investimentos.
Está prevista para junho deste ano, a visita de uma missão comercial israelense, chefiada pelo ministro da Indústria e Comércio, Misha Harish, e a criação de um conselho empresarial misto.
A meta, a curto prazo, é a retomada do comércio entre os dois países. O Brasil é o maior parceiro comercial de Israel na América Latina, mas as trocas comerciais sofreram um retrocesso em 1995.
O comércio bilateral (exportações e importações) caiu de US$ 154 milhões nos primeiros nove meses de 1994 para US$ 118 milhões no mesmo período de 1995.
Israel exporta para o Brasil principalmente produtos agroquímicos, eletrônicos e máquinas. O Brasil vende para Israel principalmente matérias-primas, produtos agropecuários e madeira.
A maior parte do comércio exterior de Israel se realiza com os países da União Européia e da América do Norte, responsáveis por 64% das exportações e 77% das importações.
Paz
O processo de paz de Israel com seus vizinhos árabes abre novas perspectivas para a economia nos próximos anos. Israel terá mais recursos para aplicar no desenvolvimento de novos mercados comerciais.
Na base da nova estratégia israelense estão a redução dos gastos militares e a expansão do comércio internacional graças ao fim do boicote árabe. O elevado custo da defesa tem tido efeitos diretos sobre a economia, representando, tradicionalmente, 26% do gasto público total.
Mercosul
Israel, afirmou, avalia a oportunidade de buscar algum tipo de aliança aduaneira (redução de impostos de importação e tarifas alfandegárias) com o Mercosul.
"Estamos analisando a maneira pela qual o Mercosul vai afetar nosso comércio e as implicações de uma possível aliança entre os parceiros no Mercosul com o Nafta e a União Européia."
Os empresários israelenses começam a estabelecer postos avançados para o desenvolvimento de seus negócios no Brasil.
A Folha visitou em Israel várias empresas interessadas no Brasil. Elas buscam representantes de vendas e distribuidores no país. E analisam a evolução do Plano Real, pensando em estabelecer fábricas no país em parceria com sócios brasileiros.
Entre essas empresas estão a Sharplan Laser, especializada na aplicação de raios laser na medicina; Dorot, fabricante de válvulas de alta precisão para a indústria e agricultura; Nir Itzhak, fabricante de compostos de bromo para agricultura e indústria farmacêutica; Netafim, produtora de sistemas de irrigação por gotejamento; Laser Industries, fabricante de raios laser para uso na medicina; Degem Systems, especializada em educação profissional com o auxílio de computadores; e Iscar, fabricante de instrumentos.

O jornalista ANTONIO CARLOS SEIDL viajou a convite do Ministério das Relações Exteriores de Israel.

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