São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
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Banespa: uma solução adequada

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

Parece estar chegando ao fim a intervenção do Banco Central no Banespa. A intervenção merece críticas acerbas, pois só fez atrapalhar: dificultou o andamento das negociações; tornou difícil o fechamento do Baneser; e, após um ano administrando o banco, não promoveu qualquer ajustamento com fechamento de agências ou despedida de funcionários.
Neste artigo, gostaria de defender a solução para o problema da dívida do Estado de São Paulo junto ao Banespa, em grande parte devida à atuação de Adroaldo Moura da Silva.
O Estado deve ao Banespa cerca de US$ 13 bilhões. Essa soma começou pequena, como adiantamentos de arrecadação feitos em 88 e 89. Mas a partir de 89 ou 90, os governadores pararam de pagar os juros que venciam e a dívida cresceu. E o Banco Central deu sua ajuda com a política de juros altos praticada desde 91.
Caberia ao Estado pleitear para a sua dívida o mesmo que foi pleiteado para a dívida externa (um abatimento), devido à ação unilateral do BC americano, que deixou os juros subirem para 15% ao ano.
A solução negociada transforma metade dos US$ 13 bilhões em dívida do Estado de São Paulo junto ao Tesouro Federal (dívida de 20 anos, pagando juros de 7% ao ano). O Estado recolherá ao Tesouro cerca de US$ 100 milhões ao mês (com correção cambial).
Os outros US$ 6,5 bilhões sairão da venda dos terrenos de Guarulhos, Congonhas e Viracopos para o governo federal e a privatização da Fepasa pelo BNDES. Técnicos do banco contestam que a Fepasa valha US$ 3,5 bilhões e esse é o último impasse a ser resolvido.
Outra parte do acordo é que a administração do banco passará a ser fiscalizada por um conselho com representantes de diversas áreas, minimizando a influência do atual e de futuros governadores.
O Banespa só não foi liquidado e/ou privatizado no início de 95 porque obteve apoio de políticos, lideranças e da maioria da população. Não foram os funcionários do banco que criaram o problema, mas dois ex-governadores e o BC. Com que moral, então, defendeu-se desfazer-se de um patrimônio público que há anos tem colaborado para o desenvolvimento do Estado?

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