São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
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Bancos federais fazem mais empréstimos

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos federais passaram a responder por quase a metade das operações de empréstimos a Estados e municípios a partir de outubro do ano passado.
Até então, o setor bancário federal respondia por menos de 5% dessas operações.
Segundo dados do Banco Central divulgados ontem, de outubro a dezembro de 95 os bancos federais foram autorizados a emprestar R$ 516 milhões a governos estaduais e prefeituras. Os bancos estaduais emprestaram R$ 256,5 milhões e os privados, R$ 277,9 milhões no mesmo período.
Foi neste período que a Caixa Econômica Federal, sob orientação do governo, iniciou um programa de ajuda aos Estados e municípios, quebrados devido ao aumento das taxas de juros pós-Real e aos gastos com funcionários.
Até então, os bancos federais tinham uma participação discreta no conjunto das operações de ARO (Antecipação de Receita Orçamentária), pelas quais governos conseguem dinheiro dando em garantia sua arrecadação futura.
Durante todo o ano de 94 e os primeiros três trimestres de 95, os cinco bancos federais responderam por 4,8% do total de AROs.
As restrições ao crédito adotadas após o Real acabaram provocando grande crescimento do volume de AROs em 95: foram R$ 3,941 bilhões em novos empréstimos, contra R$ 1,541 bilhão no ano anterior.
A participação dos bancos federais nessas operações cresceu de R$ 74,7 milhões para R$ 656,7 milhões, de 1994 para 1995.
Foi um efeito colateral da estratégia adotada pela equipe econômica para limitar o endividamento dos Estados: depois do Real, foram reduzidos os avais da União para empréstimos externos.
Sem dinheiro do exterior -que chega a juros menores e prazos mais longos- e quebrados, Estados e municípios acabaram recorrendo à ARO, operação de prazo máximo de um ano e juros altos.
Segundo o BC, a taxa média das operações de ARO em dezembro foi de 4,72% ao mês, ou 73,92% ao ano. Uma prefeitura chegou a tomar dinheiro pagando 9,5% ao mês -197,14% anuais.
Um empréstimo tomado junto ao Bird (Banco Mundial) ou ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) pode ser pago a juros de 10% ao ano mais a variação do dólar.
Em todo o ano de 95, Estados e municípios conseguiram R$ 2,159 bilhões em empréstimos de longo prazo, a maioria no exterior e junto a bancos federais. Em 94, foram R$ 2,244 bilhões.

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