São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Centrais apresentam suas propostas na quinta

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) e entidades de aposentados, reunidos ontem, decidiram aceitar negociar com o governo uma proposta para a reforma da Previdência Social.
As entidades elaboraram documento comum (ver quadro nesta página) com proposta para a reforma previdenciária, a ser apresentado na quinta-feira em negociação formal com os ministros do Trabalho, Paulo Paiva, e da Previdência, Reinhold Stephanes.
Divergências como o teto máximo do benefício a ser pago pela Previdência -a CUT propõe 20 salários mínimos e a Força Sindical, 10- foram deixadas de lado, pelo menos temporariamente.
"Vamos ao governo falando a mesma língua, mas com sotaques diferentes", afirmou o presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros.
"Queremos ver se o governo vai negociar mesmo ou vai passar um rolo compressor. Vamos indagar isso aos ministros", disse o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
Segundo ele, a CUT apresentou sua proposta para a Previdência Social em agosto passado. "No fim de 95, o governo ficou dizendo que não tínhamos projeto. Isso abalou a credibilidade do nosso relacionamento", disse Vicentinho.
Na semana passada, conforme noticiou a Folha na sua edição de domingo, o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso procurou os sindicalistas para discutir a Previdência Social.
Anteontem, Paiva e Stephanes se reuniram com Medeiros e com o diretor da Força Sindical e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
Ontem pela manhã, Paiva se encontrou com Vicentinho.
"Queremos que, agora, todas as negociações sejam públicas e não debaixo do pano. Senão, depois, eles vêm dizer que nós não negociamos", disse Paulinho.
Medeiros acredita que o governo procurou as centrais também porque perdeu apoio no Congresso. "Fizemos pressão junto aos parlamentares. Estamos agora em ano eleitoral, e os deputados têm medo de ser denunciados pelas centrais sindicais", afirmou.
O presidente da Força Sindical disse que acredita na possibilidade de um avanço nos debates com o governo e afirmou que "não é o momento de fazer greve agora".
Já Vicentinho manteve a proposta da CUT, de paralisação no dia 30. "Claro que, de acordo com os acontecimentos, isso pode mudar", disse Vicentinho.
Paulinho disse que a greve "pode acontecer até antes do dia 30 caso as negociações emperrem".
O presidente da CUT fez questão de frisar, no entanto, que as centrais sindicais e entidades de aposentados estão unidas na negociação sobre a Previdência Social e nas mobilizações.
"Estamos no mesmo barco, e foi a nossa união que conseguiu adiar a votação das reformas da Previdência no final do ano passado", disse Vicentinho.
As entidades dos aposentados e as três centrais presentes à reunião de ontem -na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, centro de São Paulo-, decidiram fazer protestos no dia 24 em defesa da aposentadoria por tempo de serviço aos 35 anos para homens e 30 anos para mulheres.
Em São Paulo, o protesto será na Praça da Sé. Dia 28, haverá protesto em Aparecida do Norte, interior de São Paulo.
As entidades reunidas ontem decidiram ainda realizar reuniões constantes de avaliação das negociações. A próxima será segunda-feira, na nova sede da CUT, no Brás, centro de São Paulo.
Segundo Vicentinho, técnicos das entidades vão também procurar aprofundar os pontos comuns das propostas de cada uma. Para as centrais e aposentados, o projeto levado à votação no Congresso no final de 95 mantinha privilégios e acabava com direitos adquiridos.

Texto Anterior: Governo quer aposentadoria a partir dos 60 anos até 2002
Próximo Texto: FHC cobra aprovação da reforma tributária
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.