São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
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A rapidez do mal

Por mais que os avanços tecnológicos, cada vez mais velozes, sejam notáveis, não deixa de causar espanto a capacidade do ser humano de usar a mais sofisticada tecnologia para a prática do mal.
É a inevitável conclusão a tirar das informações, ainda pendentes de confirmação, de que o palestino Iahia Aiach, considerado o maior especialista em atentados da organização extremista Hamas, foi morto em uma operação que nem os mais delirantes filmes de espionagem retrataram nas telas.
Teria sido assim: o serviço secreto israelense implantou uma bomba no telefone celular que um amigo de Aiach -também informante israelense- deu-lhe de presente. Monitorando seus telefonemas, acionou-se de um avião o sinal que fez detonar o explosivo no ouvido de Aiach, causando-lhe a morte.
Para os mortais comuns, é difícil até imaginar a operação. Afinal, o celular é um aparelho pequeno. A bomba, para estar camuflada no seu interior, deveria ser pouco mais do que microscópica e, ainda assim, ter o poder suficiente para estraçalhar o alvo. E, além de tudo, o mecanismo teria sido acionado do ar, portanto, fora de qualquer hipótese de detecção.
Se a história for verdadeira, fica a evidência de que o ser humano parece fulminante na capacidade de descobrir usos malignos até para suas invenções mais recentes. O celular ainda é um invento com lacunas na sua finalidade real, que é facilitar a comunicação entre as pessoas. Mas, para matar, já serve.

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