São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
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Governo FHC cedeu e afastou políticos

VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo fechou o acordo da Previdência por dois motivos. Primeiro, porque resolveu negociar diretamente com os principais interessados. Conseguiu afastar os políticos da mesa de negociação e acertar com os sindicalistas.
Segundo, porque cedeu. E muito. A proposta acertada ontem entre governo e trabalhadores apresenta vários recuos em relação ao texto encaminhado ao Congresso, em março do ano passado.
A negociação da reforma previdenciária se arrastava no Congresso havia quase um ano. A primeira derrota foi com a divisão da proposta em quatro partes. Duas foram abandonadas, como a da quebra do sigilo bancário dos devedores da Previdência.
No início deste ano, o governo percebeu que dificilmente conseguiria negociar com os parlamentares um acordo. De olho nas eleições municipais, deputados e senadores não se mostravam dispostos a votar uma medida que eles consideram impopular.
Stephanes chamou o ministro do Trabalho, Paulo Paiva, e decidiu negociar diretamente com os sindicalistas para pressionar o Congresso. A prática deu certo, atraindo para a mesa de negociação até a CUT.
A central ligada ao PT, no início, não queria aceitar a aposentadoria por tempo de contribuição. Insistia na manutenção da aposentadoria por tempo de serviço.
Acabou recuando e fechou o acordo, junto com a Força Sindical e a CGT.
Stephanes acredita que o acerto forçará o Congresso a aprovar a sua reforma previdenciária. A tática deve dar certo.
O relator da emenda que muda a Previdência na Constituição, deputado Euler Ribeiro (PMDB-AM), participou da reunião de ontem e aceitou o acordo.
Ribeiro tinha se transformado no principal obstáculo à proposta do governo dentro do Congresso. Chegou a entrar em atrito com o ministro Stephanes.
Mas, além do afastamento dos políticos das negociações, o que mais pesou para que o acordo fosse fechado foi o recuo do governo. Do texto acordado, ficaram de fora pontos que o ministro Stephanes considerava fundamentais.
Entre eles, o que definia a idade mínima de 60 anos para que um trabalhador brasileiro tivesse direito à aposentadoria.
Caiu também a unificação das aposentadorias de homem e mulher e o fim da aposentadoria especial dos professores.

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