São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 1996
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Cúpula do PT deu aval a acordo da Previdência

CRISTIANE PERINI LUCCHESI; REINALDO AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL E

REINALDO AZEVEDO
A cúpula do PT deu, ainda na segunda-feira, logo após a reunião das centrais sindicais com o governo, seu aval ao acordo da Previdência Social.
O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, só concedeu uma entrevista dizendo que o acordo era "uma vitória para os trabalhadores e para o Brasil" depois de falar, ao telefone, com o presidente do PT, José Dirceu, mal havia saído da mesa de negociação.
As facções mais à esquerda da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do PT abriram uma verdadeira guerra contra Vicentinho, acusado de personalista.
Mas é ele quem revela à Folha: "Quando se chegou à primeira conclusão (do acordo), a primeira pessoa para quem eu liguei foi o Zé Dirceu. A primeira pessoa com a qual eu falei foi com ele". Segundo Vicentinho, Dirceu disse: "Poxa, é assim? Poxa, é uma vitória". A mesma vitória que Vicentinho cantaria à imprensa minutos depois.
O sindicalista diz que tem "sempre tomado o cuidado de conversar com o Zé Dirceu por uma deliberação (sua), depois que ele foi eleito para a direção do partido". O presidente da CUT afirmou que faz isso por "respeito" a Dirceu, "sem ferir a autonomia da CUT".
Vicentinho lembra que Dirceu já foi alvo de críticas e da divisão de correntes do PT: "Ele (Dirceu), ao ser eleito, sofreu muita queimação dentro do partido. Gente querendo detonar o Zé Dirceu. Eu acho que, gostemos ou não, aquele que é eleito democraticamente merece o nosso apoio".
Vicentinho diz entender o fato de o presidente do PT estar tentando acomodar as várias correntes do PT, contrárias ao acordo.: "É claro que, depois, o Zé, como presidente do partido, tendo toda uma bancada na oposição ao acordo, vai parar para pensar e refletir. Tá certo o papel do Zé, de fazer tudo deliberado dentro do partido. Mesmo porque o partido tem uma proposta de Previdência lá no Congresso Nacional".
A proposta petista a que se refere Vicentinho prevê a aposentadoria nos moldes atuais, aos 35 anos de trabalho para homens e 30 para mulheres. O acordo que a CUT, Força Sindical e CGT firmaram com o governo prevê a aposentadoria por tempo de contribuição: 35 anos para homens e 30 para mulheres.
O presidente da CUT vai hoje à reunião do Diretório Nacional do PT para explicar o acordo e tentar acalmar os parlamentares petistas.
Vicentinho afirmou ter recebido, de alguns parlamentares do PT, "individualmente, mensagens de solidariedade".
Recebeu também um telefonema de apoio de Vítor Buaiz, governador petista do Espírito Santo, que enfrenta a oposição do funcionalismo em seu Estado por tentar fazer uma reforma administrativa.
Vicentinho insiste na tese de que os pontos do acordo defendidos por ele são apenas uma base de negociação com o Congresso, que nada está definido. Terá de explicar isso hoje ao PT. Espera a ajuda de Dirceu.

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