São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 1996
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Laço familiar define voto

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

A campanha eleitoral palestina prova que político é político em qualquer lugar do mundo, até naqueles em que nunca houve votação.
Harbi Bdeir, candidato na faixa de Gaza, promete combater o desemprego (que afeta 53% dos seus 930 mil habitantes) por meio da criação de uma companhia para abastecer de comida os aviões (o "catering").
Seria uma boa idéia, não fosse pelo fato de que Gaza simplesmente não tem aeroporto e, portanto, aviões.
Quase todos os candidatos incluíram nas suas plataformas a defesa do leste de Jerusalém como a capital palestina, a libertação de palestinos e a retirada dos colonos israelenses dos territórios palestinos.
Mas o mais provável é que a eleição dependa mais dos laços familiares.
Os clãs são, nos territórios palestinos, talvez mais importantes ainda do que no resto do mundo árabe.
Abu Ibrahim, que passou 18 de seus 38 anos em prisões israelenses, diz que a família é que conta. "Um pai nunca deixa de ser responsável por seu filho."
1 - Os líderes da intifada (a revolta contra a dominação israelense, iniciada em 1987). Emergiram da prisão ou do exílio e querem seu lugar no governo.
2 - Os veteranos funcionários da OLP ("a liderança histórica"), que querem manter o poder, apesar de não ter base nos territórios, porque ficaram a maior parte do tempo no exílio.
3 - A aristocracia (empreendedores e membros de famílias tradicionais), que querem um papel dirigente.
Nas primárias da Fatah, geralmente venceram os jovens. Mas Arafat muitas vezes ignorou resultados e preencheu as listas com seus homens de confiança.
Muitos marginalizados lançaram-se, então, como candidatos independentes.
Esse dado deve embaralhar análises, porque nomes, mais do que partidos, indicarão as tendências.
(CR)

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