São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Foi maravilhoso ouvir até as engasgadas nos solos de Page"

EDGAR SCANDURRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Depois de uma longa fila regada à cerveja, consegui entrar no Pacaembu para ver o melhor show de minha vida: Page e Plant.
Finalmente, é o show mais esperado. Para mim, o mais de todos. Jimmy Page e Robert Plant começam um espetáculo de som. Que show! Que voz, a de mr. Plant! Que baixo! Que bateria! Pela primeira vez me vi frente a frente com Jimmy Page e suas guitarras Gibson e uma Fender Stratocaster, minha guitarra favorita.
Sem efeitos especiais na iluminação, sem cenários enormes ou bonecos de sete metros, ou algumas pistas de cooper no palco, eles fizeram muito som. Tocaram músicas de todos os seus discos.
Todas soavam como músicas de um lado B. Quer que eu explique? Eles fazem o 4 x 4 mais quebrado que eu já ouvi. E a segunda parte de "Black Dog"? Nunca vi uma banda cover tocar certo aquela parte. Nesse show eu vi.
Foram mais de duas horas de show. E eles retornaram para o biz por três vezes. Um bis esperto. No primeiro, retornaram com "Black Dog" e "Cashimire" e aí talvez o ponto mais porrada do show.
O blues mais pesado e mais lento da história do rock foi com "Since I've Been in Love with You". Foi para mim, um momento de grande emoção. Emoção que todos sentiram, público e banda.
Todas as participações de orquestra de violinos e violoncelos, formada por músicos brasileros ou com a orquestra argelina e seus instrumentos típicos de música do deserto. E o rapaz tirando um som mágico de seu "hurdy gurdy", uma espécie de avô do realejo.
Todos foram impecáveis até nos erros. Foi maravilhoso ouvir as engasgadas de Jimmy Patrick Page.
É bom saber que um deus da guitarra é humano. Eu reconheci nele o mesmo Page dos Yardbyrds, dos anos 60.
No solo e na base com os violões de afinação diferentes, ele se misturava com a banda, abrindo espaços para a canção. Assim deve ser um guitarrista.
Tudo ensaiado e tudo improvisado. tudo conhecido e tudo surpreendente, assim foi o show.
E depois de quase 30 anos eles vieram ao Brasil, tocaram em São Paulo, bem perto de minha casa e eu pude vê-los. Amém.

Texto Anterior: Page e Plant driblam platéia com 3 acordes
Próximo Texto: Contrato tem armadilhas e exige atenção do cliente
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.