São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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Namoro e test-drive

ALEX PERISCINOTO

Já imaginou um mundo sem opções? Você não ter escolha? Ter um só candidato a presidente para votar, um só tipo de carro para dirigir, um único e surrado jeans para vestir? E quanto ao namoro? Já imaginou você se casar logo com o primeiro amor que aparecer, sem ao menos ter o direito de eleger, por inteiro, a sua cara metade?
Felizmente, esse mundo não é possível. Estamos cada vez mais interativos. Opinamos e decidimos através da TV, do rádio, da Internet. Antes de comprar, comparamos. E, quando possível, testamos. O consumidor, hoje, tem mais consciência do seu valor e do valor das coisas que deseja. Ele sabe medir qualidades e atributos, exercer sua liberdade de escolha.
Então, para votar, temos a campanha política, o programa de governo, o discurso de cada candidato para avaliar, escolher o melhor. Para comprar o carro dos seus sonhos, além de ler a mídia especializada, o consumidor ainda tem a grande vantagem de poder realizar um test-drive. E quando o assunto é moda, não cai bem comprar sem antes provar e vestir.
E é para tudo isso que existe a publicidade comparativa, cada dia mais utilizada pelos profissionais de propaganda. Sempre digo, ratificando a Associação Americana de Agências de Publicidade (a famosa AAAA): "a propaganda comparativa, bem utilizada, é o mais eficiente meio de oferecer informação útil ao consumidor". É o caso de uma campanha que vem sendo feita por uma empresa telefônica norte-americana, a MCI, rival da Bell System, que diz:
"Alcance e comova alguém pela metade do preço que a Bell cobra". Na campanha, são mostradas duas pessoas telefonando do mesmo lugar, de Nova York para Chicago: uma pela MCI e a outra pela Bell System. A primeira acaba pagando bem menos do que a segunda -como revelam os impulsos cobrados por cada companhia, que aparecem na tela.
Não posso deixar de falar da mais recente campanha de publicidade comparativa, feita por uma agência sueca, que conta com a participação do hilariante Mr. Bean, o rei do humor gráfico. Num divertido filme, incentivando o consumidor a fazer comparações antes de comprar, Mr. Bean compara, minuciosamente, os produtos do supermercado Rema 1.000, que oferece preços mais baixos, com os produtos de um supermercado concorrente, que ele traz consigo. Começa por investigar o tamanho dos pães, depois a quantidade de creme dental em cada tubo, que trata de espremer pelo chão, em linhas retas e paralelas, querendo saber se há diferença.
São campanhas assim que mostram como o consumidor sai ganhando tanto quanto perdendo se não tivesse opções. Opções, como já disse, na hora de votar, de comprar um carro, um jeans. E na hora de namorar. Ainda bem que você pode optar, entre diversos pretendentes, com quem namorar. E ao escolher, pode, sem barreiras e sem tabus, experimentar antes.

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