São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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Indústria de sorvete aposta em aumento de publicidade

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os grandes fabricantes de sorvete estão aumentando de forma substancial seus investimentos em marketing, esquentando a tradicional disputa pelos consumidores, que se repete a cada verão.
Eles apostam que o crescimento das vendas de sorvete no país vai se manter firme, depois de o mercado brasileiro ter aumentado cerca de 30% no ano passado.
Uma das razões para o aumento no consumo foi o inverno excepcionalmente ameno, em 1995. No Brasil, os consumidores ainda estão acostumados a só tomar sorvete quando faz calor.
"Eu nunca prestei tanta atenção ao tempo quanto depois que comecei a trabalhar aqui", comenta Karin Schmalzigaug, gerente de marketing da Insol Indústria de Sorvetes, a subsidiária da Nestlé que é dona da marca Yopa.
Outra explicação para a expansão das vendas foi a estabilidade monetária, que permitiu que consumidores de baixa renda passassem a tomar mais sorvete.
Praticamente todos os tipos de fabricantes de sorvete tiveram resultados favoráveis em 95, segundo Roberto Dranger, diretor de marketing da Kibon, o maior produtor no país, com uma fatia de cerca de 60% do mercado, segundo os institutos de pesquisa.
Conseguiram elevar suas vendas os fabricantes tradicionais, as empresas de alcance regional ou mesmo local e os bufês de sorvetes, uma mania iniciada no Rio Grande do Sul e que é um grande sucesso neste verão.
Segundo um analista que acompanha de perto o mercado de sorvetes, um dos destaques do ano foram os fabricantes de pequeno e médio porte que vendem apenas na sua região.
Em geral, eles oferecem seus produtos a preços bem inferiores aos das marcas mais tradicionais, atraindo, portanto, os consumidores de renda mais baixa.
A Kibon investiu US$ 20 milhões em marketing em 1994 e aumentou esse valor para US$ 26 milhões no ano passado, tendência que continua neste ano.
As campanhas publicitárias dos sorvetes Frutare, um dos sucessos de venda no verão, procuram dar ênfase ao aspecto saudável, natural da marca, diz Francisco Meirelles, diretor da conta da Kibon na Almap-BBDO.
Desde que assumiu integralmente o controle da Insol, em abril de 1994, a Nestlé adotou a estratégia de investir maciçamente em lançamentos de forma a oferecer maior variedade.
Esse processo de diversificação está levando ao lançamento, ainda neste mês, de embalagens com várias unidades de uma mesma marca de sorvete, a serem vendidas em supermercados e padarias.
Um exemplo dessa novidade é a embalagem que contém quatro unidades do sorvete Prestígio.
Outra ênfase da Insol ultimamente foi investir em distribuição. O consumidor acaba comprando o sorvete que encontra na padaria ou no carrinho do sorveteiro, independentemente da marca.
No ano passado, foram gastos US$ 6 milhões em distribuição; neste ano, serão US$ 7 milhões.
A Insol também está aumentando de US$ 8 milhões para US$ 11 milhões, neste ano, o valor dos seus investimentos em marketing.
Além de veículos tradicionais, como televisão, a Insol está procurando chegar mais perto dos seus consumidores em potencial, patrocinando uma série de eventos.
Um exemplo disso, é a instalação de paredes de alpinismo em diversas praias de São Paulo e o patrocínio de atividades da preferência de adolescentes e jovens, como pára-quedismo, patinação e espetáculos de rock.

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