São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996 |
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Propaganda atravessa fase negra, diz Petit
DA REPORTAGEM LOCAL A propaganda brasileira atravessa uma fase negra. Sofre os efeitos negativos da "esperteza" de alguns publicitários e do uso indevido do computador.Essa é a opinião de Francesc Petit, sócio-diretor da DPZ Propaganda. Ele fez palestra na última quarta-feira, no auditório da Folha, sobre o tema "Propaganda do Futuro". O evento foi o primeiro deste ano do ciclo "Arena do Marketing", promovido pelo jornal. "O degringolar da propaganda brasileira começou há cerca de cinco, seis anos", diz Petit. Segundo ele, o motivo principal foi, na época, a "esperteza", no mau sentido, de alguns publicitários. "A esperteza deve ser usada para criar, seduzir clientes, público etc. É importante, mas tem que existir acompanhada de ética, de senso de responsabilidade", diz. Mas, segundo Petit, a "esperteza" começou a ser usada para a criação, por exemplo, de "filmes-fantasmas", de produtos e clientes que nem existiam, apenas para serem inscritos em festivais e ganharem prêmios. "Essa brincadeira de mau gosto, importada dos publicitários argentinos, infelizmente pegou no Brasil", diz o publicitário. Desde então, segundo ele, muitos filmes nacionais premiados no Festival de Cannes, por exemplo, eram fantasmas. "Quando isso veio à tona, pegou mal, muito mal para os profissionais brasileiros." Apenas para dar uma idéia da dimensão dessa "brincadeira", Petit diz que 90% dos prêmios que o Brasil ganhou em festivais nos últimos anos eram sobre produtos e/ou clientes que não existiam. O motivo? "Simples. Os prêmios valorizam os profissionais, fazem com que ganhem melhores salários e tornam as agências mais conhecidas e famosas", afirma. O resultado: "A propaganda brasileira foi perdendo credibilidade. Hoje, os jurados dos festivais já sabem que grande parte dos filmes são fantasmas", diz. Petit culpa também o computador pela "fase negra da propaganda nacional". "O computador foi a coisa mais nefasta que já aconteceu na propaganda", afirma. Para o publicitário, o "computador é uma máquina fantástica, mas que tem dentro um demônio, um satanás; é como uma mulher bonita, mas muito ruim". "Se juntamos a esperteza dos profissionais com o mau uso do computador, o resultado só pode ser desastroso." Segundo Petit, o computador é usado, muitas vezes, não para criar, mas para copiar criações de outros profissionais. Texto Anterior: Regionalização marca Carnaval da mídia Próximo Texto: Relançamento alonga maturidade do produto Índice |
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