São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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Dualidade gera disputa no mercado de cartões

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de cartões de crédito no Brasil está sendo palco de duas importantes batalhas comerciais.
O maior embate envolve, de um lado, os 40 bancos ligados à rede Visa e, de outro, a gigante Credicard, representante exclusiva do selo MasterCard no país. Uma segunda luta coloca a Visa contra a multinacional American Express.
Em disputa, o poder de fogo no mercado de cartões de crédito supostamente mais promissor do Ocidente, com faturamento de US$ 22 bilhões em 1995.
A Credicard, com 41% do faturamento do setor, está enfrentando a oposição dos emissores da Visa no processo de adoção da chamada dualidade de marcas no país.
Segundo a Folha apurou, o Bradesco quer impor o prazo de um ano para que a Credicard possa vender cartões Credicard Visa.
A Credicard nega, porém, que tenha como meta ser uma grande emissora da Visa no Brasil. O presidente da empresa, José Francisco Canepa, explicou o motivo: cada cartão com a bandeira Visa será um gerador de receitas para a concorrência.
Os plásticos MasterCard dão lucros apenas para a Credicard -uma receita estimada em R$ 270 milhões.
O Bradesco quer a dualidade, mas, pelo mesmo motivo, não fará esforços para emitir cartões MasterCard, diz o vice-presidente, Armando Fernandes Júnior. O banco será um dos acionistas da VisaNet.
"Poderemos até oferecer as duas marcas, mas a Visa terá nossa preferência."
A briga deverá durar poucas semanas, pois os sócios da Visa e da MasterCard têm interesse em resolver a questão da dualidade no Brasil rapidamente. Enquanto isso não acontece, apenas um banco fatura nos dois lados: o Unibanco, sócio da Credicard e dono da marca Nacional Visa.
Em outra trincheira, a American Express enfrenta o veto da Visa. A diretoria da Visa para a América Latina e o Caribe, em reunião no final de setembro passado, decidiu proibir os bancos associados de emitirem cartões com o selo American Express.
O gerente-geral da Visa no Brasil, Andrés Spinoza, admite o boicote. Os bancos podem até vender cartões próprios da American Express (com emissão e gestão da administradora), como faz o Bamerindus, mas não podem fazer parcerias com a Amex. "Temos que proteger nossos acionistas, que são os próprios bancos. A American Express não é banco, é concorrente", afirmou.
Em nota oficial, a Amex reclamou da decisão da Visa. "Se (o boicote) é verdade, a Visa está confundindo seus próprios interesses com os dos bancos."

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