São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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Medo afasta das urnas palestinos de Jerusalém

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Jerusalém Oriental, que os palestinos reivindicam como capital, foi a sombra na festa: registrou no sábado comparecimento de apenas 35%, o mais baixo de todas as seções eleitorais.
Culpa do excessivo policiamento israelense (4.000 policiais ou soldados para apenas 5.000 eleitores), diz Carl Lidbom, chefe dos observadores europeus.
"Fiquei chocado por ver que havia mais policiais, jornalistas e observadores do que votantes."
Jimmy Carter também culpa a polícia, principalmente por ter filmado os votantes que entravam nos cinco postos de correio habilitados para o pleito.
Mas Manuel Marín, vice-presidente da União Européia, disse à Folha que prefere acreditar na versão dada a ele pelo prefeito palestino de Belém: os palestinos tiveram medo não tanto da polícia mas de perder sua cédula de identidade israelense.
Explicável: com ela, eles têm acesso grátis a, por exemplo, hospitais de boa qualidade. Sem ela, pagariam por um parto cerca de US$ 300, explicou o prefeito.
Houve baixo comparecimento em outras áreas de conflito: apenas 38% na cidade de Hebron, onde um grupo de 415 colonos judeus hostiliza permanentemente os palestinos. Na cidade de Jenin, onde três palestinos foram mortos por soldados de Israel na sexta-feira, votaram apenas 38%.
Mas em todo o distrito de Hebron votaram 60% dos inscritos, bem como em Jenin.
A eleição acabou sendo muito mais tranquila do que se poderia esperar. Houve apenas três incidentes violentos.
Uma adolescente das colônias judaicas de Hebron foi esfaqueada por um palestino e ficou levemente ferida. Perto de Hebron, uma briga de clãs terminou com a morte do irmão de um candidato.
E finalmente, nas imediações de Nablus, um funcionário eleitoral palestino foi morto por um policial também palestino.
(CR)

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