São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996 |
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UM POEMA "A bomba explodirá no bar às treze e vinte./ Agora são apenas treze e dezesseis./ Alguns terão ainda tempo para entrar;/ alguns, para sair. O terrorista já está do outro lado da rua./ A distância o protege de qualquer perigo./ E, bom, é como assistir a um filme. Uma mulher de casaco amarelo, ela entra./ Um homem de óculos escuros, ele sai./ Jovens de jeans, eles conversam/ Treze e dezessete e quatro segundos./ Aquele mais baixo, ele se salvou, sai de lambreta./ E aquele mais alto, ele entra. Treze e dezessete e quarenta segundos./ A moça ali, ela tem uma fita verde no cabelo./ Mas o ônibus a encobre de repente./ Treze e dezoito./ A moça sumiu./ Era tola o bastante para entrar, ou não?/ Saberemos quando retirarem os corpos. Treze e dezenove./ Ninguém mais parece entrar./ Um careca obeso, no entanto, está saindo./ Procura algo nos bolsos e/ às treze e dezenove e cinquenta segundos/ ele volta para pegar suas malditas luvas. São treze e vinte./ O tempo, como se arrasta/ É agora./ Ainda não./ Sim, agora./ A bomba, ela explode. "O Terrorista, Ele Observa", poema traduzido por Nelson Ascher a partir da versão inglesa de Adam Czerniawski e da norte-americana de Magnus J. Krynski e Robert A. Maguire Texto Anterior: Autora mescla lirismo e antipoesia Próximo Texto: Literatura portuguesa centraliza atenções Índice |
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