São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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Dirceu impôs novo estilo

CLÓVIS ROSSI
DA REDAÇÃO

É possível que José Dirceu tenha parte de razão em um segundo ponto que menciona como fator para o crescimento do PT: "A sociedade perdeu o medo de que o PT queira governar sozinho".
Mas há também, nessa avaliação, um certo exagero. É eloquente o exemplo de Santos, cidade em que o PT venceu duas eleições seguidas e vai agora para o segundo turno.
Pior do que o PT querer governar sozinho é cada facção do partido assim o desejar, a ponto de Telma de Souza, prefeita entre 89 e 93, ter rompido com seu sucessor, David Capistrano.
Parte do temor que o próprio Dirceu enxergava na sociedade contra o PT decorria (ou decorre ainda, se persiste) da diferença de estilos na condução do partido.
Lula evitava interferir nos choques entre facções internas. Como os grupos tidos como mais radicais são os mais estridentes, a imagem que passava para o público externo era o de predomínio dos radicais.
Dirceu
Dirceu, um típico operador de aparelho, até pela experiência de clandestinidade, interfere mais diretamente e tenta impor a visão de sua corrente, a "Articulação".
É a mesma de Lula, que, porém, reservava-se um papel mais de magistrado.
Tanto que acabou por irritar-se com as pendências internas e tomou certa distância desde a derrota para FHC em 94. Passou a trabalhar mais junto à sociedade, por meio do que chama de "caravanas da cidadania".
Irritou-se tanto que "não está motivado" para uma terceira disputa presidencial, diz seu amigo Marco Aurélio Garcia, historiador e membro da direção do PT.
A questão em aberto é saber que efeito produzirá na motivação de Lula o expressivo resultado obtido pelo PT no pleito municipal.
(CR)

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