São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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Anistia quer legalização de união gay

Projeto dá direito a receber herança

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Anistia Internacional do Brasil, Ricardo Brissola, defendeu ontem a legalização da união civil entre pessoas do mesmo sexo. Ele disse que a aprovação da lei poderia resgatar a imagem positiva do Brasil no exterior.
Em um depoimento polêmico ontem na comissão especial da Câmara que analisa o projeto, Brissola -que se diz um "homem de fé"- se desentendeu com o deputado Philemon Rodrigues (PTB-MG) ao afirmar que Jesus Cristo não condenou a prática homossexual.
"A proposta da união entre homossexuais é coerente com a Dele pois é 'includente', não exclui pessoas ou categorias", disse Brissola.
O projeto permite a união civil e legaliza o direito ao recebimento da herança do companheiro (a) do mesmo sexo. Também dá direitos a benefícios da Previdência Social ao companheiro (a). A adoção de crianças não é tratada no texto.
A autora do projeto, deputada Marta Suplicy (PT-SP), afirmou ter ficado "surpresa" com a posição da Anistia. "Fico muito contente com isso porque são pessoas de alto gabarito", afirmou.
Posição de Primeiro Mundo
Na avaliação da organização, a aprovação do projeto pelo Congresso vai contribuir para melhoria das relações bilaterais do Brasil.
"Para um país que ainda passa por chacinas de menores, aprovar uma lei desse teor demonstrará avanço no tratamento dos direitos humanos junto à comunidade internacional", sustentou Brissola.
Outro ponto positivo, segundo a Anistia, é que outros países da América Latina poderiam ser estimulados a iniciar um debate sobre o assunto. Atualmente, a união gay é também examinada pelos governos da Bélgica, Finlândia, Holanda e República Tcheca.
Brissola citou gays assumidos como o pintor Leonardo da Vinci e os escritores Oscar Wilde e Walt Whitman para sustentar a tese de que não há incompatibilidade entre a moral e o comportamento sexual.

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