São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996 |
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GERAÇÃO X O debate entre o presidente democrata Bill Clinton e o senador republicano Bob Dole, candidatos à Presidência dos EUA, no último domingo, parece corresponder perfeitamente, no plano político, a essa época meio confusa, meio vazia, que a crítica cultural acabou definindo como "geração X". Uma das características desse período é a ausência de suporte ideológico e de conteúdo político nas artes, na cultura, na economia e, afinal, na própria política. Algumas das manifestações fundamentais da "geração X" têm sido o "politicamente correto" e a produção ininterrupta de modas. Mas a "geração X" tem significado, acima de tudo, uma busca angustiada de "valores" como família, comunidade ou respeito ao meio ambiente. O debate entre Clinton e Dole foi visto por menos gente (comparado a campanhas anteriores) e em nada alterou o favoritismo do atual presidente dos EUA. Não houve aprofundamento de questões estratégicas, e mesmo questões polêmicas, como o caso Whitewater, foram desprezadas pelo oposicionista Dole. As regras também impediram o confronto. Trata-se apenas de responder, em 1min30s, aos jornalistas. Contam mais a imagem, a piada, o tom de voz e os chavões, como num show ou numa peça publicitária. Assim, o aspecto emblemático do debate, como em toda a campanha eleitoral, é o contraponto entre imagens idílicas e pasteurizadas. É um confronto entre a idéia de um "american way of life" dourado típico dos anos 40 e 50, apregoado pelos republicanos, e o conformismo hiperotimista do presidente Bill Clinton, que se arroga a responsabilidade pelos sucessos da economia, que nunca teria estado tão bem, o que também não retrata com exatidão a realidade norte-americana. Numa era marcada pelas realidades virtuais, nada mais apropriado que o contraponto de símbolos e imagens superficiais. Mas assim a política se despolitiza, e o "X" dessa geração torna-se ainda mais indecifrável. Texto Anterior: CASUÍSMO EXCESSIVO Próximo Texto: UMA NÃO-SOLUÇÃO Índice |
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