São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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UMA NÃO-SOLUÇÃO

O fraco crescimento das exportações pode vir a ser um obstáculo ao crescimento da economia ou, de outro modo, um fator de risco para as contas externas do país. O governo esperava que o aumento das exportações viesse a compensar, ao menos em parte, a quase duplicação das importações ocorrida com a valorização cambial, a redução de tarifas e o aumento no poder de compra. Essa seria a maneira de manter o país crescendo -e importando- e ao mesmo tempo reduzir a dependência de capitais externos.
Mesmo considerando atípicos os resultados do mês passado, quando as exportações caíram 1,3% em relação a setembro de 95, o desempenho do setor registrado neste ano não parece suficiente para aliviar a situação das contas externas.
As exportações cresceram apenas 4,9% nos nove primeiros meses de 96 em relação ao mesmo período do ano anterior. Abandonando previsões de que a balança comercial ficaria próxima do equilíbrio em 96, autoridades econômicas já anunciaram que o saldo poderá ficar entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões negativos.
A aposta no incremento das exportações foi, em certa medida, uma resposta aos desafios colocados pela valorização cambial. De um lado, a crise do México e as dificuldades enfrentadas pela Argentina serviram de alerta contra a confiança excessiva na atração de capitais. De outro, o governo teme um eventual efeito inflacionário de uma desvalorização do real e tampouco deseja apelar para o protecionismo. Sem alterar a taxa de câmbio, nem conter administrativamente as importações, a solução lógica seria obter um grande crescimento das exportações.
Mas, apesar das recentes medidas de estímulo ao setor, o desempenho das exportações é insuficiente para fazer frente ao desequilíbrio externo. E as importações não parecem retroceder significativamente, apesar do ritmo menor de crescimento da economia. A menos que os próximos meses tragam surpresas favoráveis, a "solução via exportações" terá sido apenas amparo temporário das expectativas. O equacionamento da situação externa segue pendente.

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