São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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FHC e os bancos

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - FHC só fala que é a favor da reeleição. E se cala. O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães, é outro que fala só o essencial. Em resumo, o governo divulga a conta-gotas sua estratégia sobre a reeleição.
Enquanto isso, em Nova York, a Merrill Lynch solta o verbo. Um dos mais importantes bancos de investimentos dos EUA, a instituição divulgou neste mês um calendário detalhado sobre como deve ser a tramitação da emenda da reeleição.
Mais do que isso, a Merrill Lynch atribuiu indiretamente a redação do cronograma ao PFL. E avisa, em um documento reservado para seus clientes, que o processo estará "sob o comando" dos pefelistas.
O banco norte-americano desce a detalhes em seu cronograma.
Confirma que a comissão especial da Câmara será instalada semana que vem, dia 16. Prevê até a já tradicional pasmaceira no período de Carnaval, que deve impedir o Senado de fazer muita coisa em fevereiro.
A conclusão da Merrill Lynch a seus clientes é que a emenda da reeleição estará garantida em abril de 97.
Os argumentos usados para defender a reeleição para FHC estão na medida para os tucanos: "A aprovação da reeleição certamente será bem recebida pelo mercado, que credita a (Fernando Henrique) Cardoso o Plano Real e a subsequente estabilidade".
Ontem, analisando os resultados das eleições do dia 3, a Merrill Lynch continuava otimista no seu relatório diário que envia a seus investidores: "Nós acreditamos que os resultados das eleições municipais não devem ter um efeito significante no balanço político em nível nacional".
Por virem de um banco, essas análises devem ser recebidas sempre com um pé atrás. Os interesses são grandes. No caso, a Merrill Lynch está de olho na troca de dívida externa brasileira, um negócio de bilhões de dólares. E nas privatizações de US$ 10 bilhões anunciadas por Antonio Kandir.
Como se vê, FHC está em excelente companhia na defesa da emenda da reeleição.

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