São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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PT vai à TV atacar 'candidato frouxo'

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de as últimas pesquisas de intenção de voto revelarem o fosso que separa a petista Luiza Erundina do pepebista Celso Pitta, o PT ainda acredita que, na televisão, pode mudar o quadro eleitoral em São Paulo.
No horário eleitoral gratuito, que recomeça no próximo dia 29, Pitta será apresentado como um "candidato clandestino", que foge aos debates. "Será um bordão. Vamos explorar isso na TV. Ninguém gosta de candidato frouxo", disse Pedro Dallari, um dos coordenadores da campanha petista.
O PT vai divulgar todos os convites para debates que Pitta se recusar a comparecer. É uma tentativa de se contrapor ao PPB, que decidiu preservar Pitta. O candidato malufista deve falar pouco e não deve se expor indo a debates.
A intenção petista é causar na opinião pública "uma reflexão" sobre o "risco para a cidade", se ocorrer uma vitória de Pitta -que, para Dallari, "é um ilustre desconhecido", "sem vida própria" e "sem efetiva vivência administrativa e política".
Segundo Dallari, o PT vai para a ofensiva, sem ataques pessoais a Pitta e aos seus eleitores. "Vamos mostrar, de forma divertida, que seria como dar um Boeing a quem nunca entrou em um avião, ou ir a restaurante onde o cozinheiro nunca fritou um ovo", disse.
O PT acredita que o programa do PPB manterá a idéia de continuísmo, "de que Pitta eleito significa Maluf como prefeito".
O programa petista vai usar o reverso da moeda para tentar anular a propaganda do PPB: a idéia de que São Paulo poderá ter um prefeito sem autoridade.
A cúpula da campanha de Erundina espera voltar a ter em torno de 37% dos votos após a primeira semana do horário na TV. Essa foi, aliás, a votação de Eduardo Suplicy em 1992, quando derrotado por Paulo Maluf (que obteve 53% dos votos).
Um milhão de estrelas
Embora a TV seja vista pelo petismo como o principal meio para tentar reverter o quadro atual, a cúpula da campanha de Erundina prepara uma série de atividades de rua para evitar que a militância se desmobilize ainda mais -sob o efeito das pesquisas.
O partido já programou 15 minicomícios, panfletagem no metrô (chamada de "13 estações"), festa com o compositor Chico César (no Circo Picadeiro, nos Jardins), o "dia do Vermelho e Branco" e a campanha "Ganhe uma Estrela".
Com a campanha da estrela, o PT -em crise financeira- quer arrecadar R$ 1 milhão. Essa é aproximadamente a dívida do primeiro turno. A cada estrela (serão um milhão) dada, o PT esperar "receber uma moeda", segundo Jilmar Tatto, outro coordenador do PT.

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