São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996 |
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Jorge Amado pode deixar a UTI hoje
OTÁVIO DIAS
"Ele está evoluindo bem. Ainda estamos dentro do período crítico de 48 horas, mas, se tudo continuar do jeito que está, amanhã (hoje) ele será transferido para um quarto onde ficará sob tratamento semi-intensivo", informou à Folha o cardiologista clínico Jadelson Andrade, 45. Pelos planos de Andrade, -médico particular de Amado desde 93, quando o escritor sofreu infarto-, o escritor ficará 24 horas sob tratamento semi-intensivo após deixar a UTI. Em seguida, irá para um quarto comum por pelo menos outras 24 horas. Então, se tudo correr bem, poderá receber alta até o fim-de-semana. Segundo Andrade, seu quadro clínico continua "satisfatório", com funções renais, frequência respiratória e pressão em condições normais. "Ele está inteiramente consciente e com bom estado de humor", afirmou o médico. "Só teve de receber transfusão de sangue porque, devido à duração acima do normal da intervenção, ele perdeu mais sangue do que devia", disse. Ontem de manhã, Amado saiu da cama por alguns minutos e sentou-se em uma cadeira, enquanto recebia a visita de sua mulher, Zélia Gattai, 84. Segundo sua filha Paloma Amado, 45, ele almoçou frango com purê de batata e frutas. Jorge Amado foi submetido a uma angioplastia na manhã de segunda, com o objetivo de desobstruir a artéria circunflexa, uma das mais importantes do coração. Ele foi internado no último dia 13 com crise de angina (dor no peito por má oxigenação do coração). Segundo Andrade, ainda é cedo para avaliar se a angioplastia evitará a realização de uma cirurgia de ponte (de safena ou de mamária), algo bem mais arriscado para um paciente da idade de Jorge Amado. "No local onde a obstrução era de 90%, o desentupimento foi total. No outro ponto, não foi 100% porque a intervenção já estava demorando muito. Mas isso nós corrigimos com medicamentos." Pode haver, no entanto, nova formação de placa de gordura. Com a colocação de um "stent" (prótese de metal que diminui a possibilidade da placa voltar a se formar), o índice de reincidência, segundo os médicos, cai de cerca de 30% para algo entre 10% e 20%. Segundo Jadelson Andrade, há motivos para se ter otimismo, mas com cautela. "Estamos navegando", afirmou. "Mas Jorge é um homem de 84 anos, cuja saúde debilitou-se bastante nos últimos meses." Texto Anterior: "Oscar da Noite" festeja o brega-kitsch em SP Próximo Texto: Escritor deve retomar romances inacabados Índice |
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