São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996
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Nicotina ajuda a memória, mostra estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisadores norte-americanos explicaram por que a nicotina melhora a memória e o aprendizado. A nicotina, presente nas folhas de fumo, aumenta a transmissão de impulsos nervosos no hipocampo, região do cérebro responsável por aquelas funções.
Em estudo publicado na revista científica britânica "Nature", John Dani, do Baylor College of Medicine de Houston (EUA), e equipe detalharam pela primeira vez os mecanismos biológicos que fazem a nicotina estimular a memória e aprendizagem.
Segundo Dani, a nicotina como que imita os efeitos de um neurotransmissor chamado acetilcolina.
Nas pessoas que têm doenças que afetam a memória, como o mal de Alzheimer, verifica-se um número menor de inervações colinérgicas -isto é, conjunto de células nervosas que liberam o neurotransmissor acetilcolina.
As células do cérebro, os neurônios, precisam se comunicar para que o cérebro exerça suas funções.
O neurotransmissor é o mensageiro químico que transmite as informações entre essas células, informações que chegam aos neurônios por meio de seus receptores, as "caixas de correio".
Depois de "transmitida", a acetilcolina chega a dois tipos de receptores celulares: os nicotínicos e os muscarínicos.
O receptor nicotínico recebeu este nome porque também é sensível aos estímulos da nicotina.
A ligação entre os dois neurônios é chamada sinapse. Dani mostrou como a nicotina reforça essas conexões sinápticas no hipocampo.
Dani e seu grupo mediram uma alta das substâncias que indicam um reforço da transmissão de impulsos nervosos no hipocampo e localizaram exatamente onde isso ocorre nas células nervosas.
Os pesquisadores Daniel Mcgehee, da Universidade de Chicago (EUA), e Lorna Role, da Universidade Columbia (EUA), que comentaram a pesquisa de Dani para a revista "Nature", escreveram que desde o século 17 eram reconhecidos os efeitos do cigarro de tabaco para a memória, mas que Dani e equipe forneceram uma "demonstração definitiva"' desses efeitos.
Na introdução de seu artigo, Dani diz que a nicotina também está ligada à excitação (no sentido geral de estado do organismo alerta), à atenção e também ao processamento rápido de informação.

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