São Paulo, sábado, 26 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ouvidoria investiga uso de pau-de-arara

DA REPORTAGEM LOCAL

A Ouvidoria da Polícia recebeu, desde dezembro do ano passado, 121 denúncias de tortura e espancamento envolvendo policiais.
Duas denúncias envolvem o uso de pau-de-arara. As duas teriam sido cometidas no 15º DP, no Itaim Bibi (zona oeste de São Paulo).
O delegado João Lopes, 44, titular do 15º DP, negou que os policiais de sua delegacia utilizem um pau-de-arara.
O ouvidor da Polícia Civil de São Paulo, Benedito Domingos Mariano, disse que os tipos de tortura mais denunciados são agressões físicas e choques elétricos.
Segundo Mariano, a maior parte das denúncias é de torturas cometidas dentro de delegacias de Polícia Civil: 67. Os outros 54 casos envolvem policiais militares.
"Todas as denúncias recebidas pela ouvidoria são apuradas e, quando necessário, passadas para a corregedoria investigar", disse.
Reconhecimento
Além da suposta tortura no pau-de-arara dos acusados pelo crime na Choperia Bodega, o outro caso envolve o vendedor Luís Cesar Scwinzekel, 20, e sua namorada, T.A., 17.
Eles foram detidos no dia 30 de março, acusados de fazer compras no shopping Ibirapuera, em Moema (zona sul de São Paulo), usando cédulas falsas de R$ 50 e R$ 100.
O vendedor diz que ele e sua namorada foram espancados por PMs que faziam segurança no shopping e queriam saber onde eles tinham arranjado o dinheiro.
Como eles disseram desconhecer que as notas eram falsas, foram levados ao 15º DP, onde afirmam ter sido agredidos. Scwinzekel teria sido colocado em um pau-de-arara.
Segundo a Corregedoria, o vendedor reconheceu ontem dois acusados de participar da suposta tortura aos suspeitos do crime do Bodega -conhecidos como Bahia e Marcelo- como seus agressores.
"Essas duas denúncias são falsas. Eu confio totalmente nos policiais de minha equipe", afirmou o delegado do 15º DP. Segundo ele, não existe nenhum policial chamado Marcelo na delegacia.
"O investigador Bahia é íntegro e jamais torturaria um preso." Lopes acha que as acusações devem ser apuradas "para provar a inocência dos policiais".
O vendedor deve passar por uma acareação com os supostos agressores. O inquérito sobre a suposta tortura do casal foi enviado ao juiz Francisco Galvão Bruno, do Departamento de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça.

Texto Anterior: Documento atrasa apuração
Próximo Texto: Libertado 'recupera sono' após 32 dias
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.