São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996 |
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ERREI
MARCELO LEITE A coluna da semana passada, "Linha cruzada na privatização", continha um erro grave: afirmava que o grupo do jornal "O Estado de S.Paulo" não participava de consórcio para concorrer à exploração da iniciativa privada, quando isso não é verdade. A retificação foi publicada na terça-feira, na seção Erramos.O erro é tanto mais constrangedor porque a própria coluna deitava falação: "Exatamente porque a Folha tem interesses na privatização das telecomunicações, esse assunto deveria disparar mil luzes vermelhas e buzinas na cabeça de cada jornalista da empresa". As luzes não só não se acenderam, no meu caso, como algumas ainda se apagaram: a informação sobre o concorrente já foi publicada na própria coluna do ombudsman, em 26 de maio passado. Não há justificativa nem desculpa possíveis para um erro desses. * Pode-se aprender com ele, no entanto. Até quando se engasga é possível aprender, diz a cantora canadense Alanis Morissette na música "You Learn" (que aprendi a ouvir com minha filha). Minha melhor explicação é que o erro nasceu de um grande vício jornalístico, o pensamento esquemático. Se a Folha não noticiou adequadamente que a telefonia pode ficar mais cara com a privatização, e o "Estado" sim, deve ser porque uma tem interesse na história e o outro, não. Um raciocínio objetivamente furado, mas psicologicamente convincente, a ponto de assumir ares de memória, embora fosse imaginação. Em resumo, uma combinação perfeita de prevenção e precipitação -as duas grandes fontes do erro, como já ensinava Descartes há três séculos. Qualquer pessoa está sujeita a ele, inclusive os que se acreditam infalíveis. Não é o caso do ombudsman, e esse erro de informação oferece uma oportunidade única de deixar isso claro também para o leitor. Texto Anterior: O caso dos marinheiros Próximo Texto: Crianças deixam escolas para trabalhar Índice |
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