São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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Fãs criam músicas e novo símbolo sexual

BETINA BERNARDES
DA ENVIADA A BARCELONA

Nos treinos, eles são cerca de 500. Nos jogos, 120 mil. Os torcedores do Barcelona deliram.
Comparecem aos treinamentos com a camisa número 9 do time, que tem o nome Ronaldo nas costas. Levam máquinas fotográficas e caderninhos na mão, na espera de um autógrafo. Mesmo que não consigam posar ao lado do ídolo, não tem importância: muitos carregam no bolso a foto do jogador.
Para os homens, ele é o gênio que chegou ao estrelato ainda garoto.
Para as meninas, Ronaldinho é "muy guapo" (muito bonito) e divide com o goleiro Vítor Baía o título de mais belo jogador.
Em homenagem ao brasileiro, elas compõem e adaptam músicas para embalar os treinos.
Na última sexta-feira, o hit era uma versão de "La Bamba". "Para que Ronaldo marque/Para que Ronaldo triunfe/Só necessita um pouco de graça/Uma boa afeição/Como a azul-grená (apelido do Barcelona), porque és o melhor/És o melhor/És o melhor/Ronaldinho, te quero/Ronaldinho, te adoro/Ronaldinho, te amo."
"Ele é um craque e é muito simpático", diz a estudante Judith Falcón, 17, enquanto tenta, aos gritos, chamar a atenção do atleta. "O Romário não era assim."
O maior medo atual dos fãs é que Ronaldinho deixe o Barcelona, tentado por uma suposta proposta do Milan. "Ele não pode ir embora", choraminga Mireia Blanes, 15.
Se as meninas são as que mais gritam, os homens comparecem em maior número aos treinos.
"Ele é muito jovem para saber tanto, isso estimula a gente. Via poucas partidas antes de ele entrar no time, agora não perco uma", conta Toni Esqueta, 17.
A seu lado, o português Ulysses Alves, 23, declara que, embora o time tenha quatro patrícios seus, foi ao treino para ver Ronaldo. "Com 20 anos conseguir o que ele conseguiu, só gênio."
Na saída do treino, os torcedores ficam no portão à espera do veículo que leva os jogadores à concentração. Ronaldinho, já no ônibus e vendo o tumulto e a dificuldade dos seguranças para conter os fãs, atiça as meninas sorrindo e gesticulando para que se aproximem.
"Assim não vai dar, nunca vi coisa igual", fala um dos seguranças, levando um cachorro para intimidar uma aproximação.
(BB)

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