São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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'Auto da Barca' não se contém

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Atrizes seminuas, anjos sacanas, Deus e o diabo. O "Auto da Barca do Inferno", no Bibi Ferreira, é uma festa, um carnaval. O texto de Gil Vicente está todo lá, e mais, com todo o arcaísmo exigido pelos professores e que tanto dificulta o entendimento pelo público.
Mas tanto Gil Vicente está lá que não foi possível ao espetáculo conter-se, diante da derrisão derruba-quarteirão que marca o autor português (1465-1537). Resta pouco de respeito a quem quer que seja, de religiosos a juízes e empresários, ao fim da peça.
Levadas por Creuza Borges, que faz o demônio, e pelo hilariante André Ceccato, o grupo Dragão 7 segura três classes inteiras de adolescentes descontrolados em meio à farra com o clássico Gil Vicente.
Mas nem tudo é festa -e aqui e ali se notam escorregões que ameaçam certa proximidade com o amadorismo, em passagens circenses e sobretudo na insistência com a dublagem -em trilha musical pouco feliz. Melhor seria aprofundar o carnaval, tão ligado às festas medievais prezadas por Gil Vicente, e sustentar-se na percussão e na trilha original, ainda incipientes.
(NS)

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