São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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EM FALTA COM A EDUCAÇÃO

As políticas para a educação adotadas pelas duas últimas administrações da cidade de São Paulo revelam uma grande distância ideológica entre as gestões. Enquanto Luiza Erundina optou por criar diversos fóruns de discussão para definir sua política e investiu basicamente no ensino básico, Paulo Maluf assumiu uma posição mais pragmática ao tomar decisões e preocupou-se com o ensino profissionalizante.
O governo petista definiu a educação como uma de suas prioridades. Aumentou o número de matrículas da rede municipal e reformulou a estrutura que havia na rede, criando três ciclos para o primeiro grau.
A administração de Erundina deixou-se envolver por um excessivo e, muitas vezes, nocivo "assembleísmo", em que quase tudo era decidido por sucessivas reuniões. Mas teve como mérito estabelecer um rumo para a área, com investimento no ensino básico e amplos projetos para a formação de professores.
O governo malufista encerrou o ciclo de excessivas reuniões que havia na gestão anterior, mas pecou ao não estabelecer um mecanismo que o substituísse. Investiu no ensino profissionalizante, com novas escolas que parecem ter atingido um bom padrão de qualidade, mas o ensino básico, que vinha sendo a prioridade da rede municipal, não recebeu a atenção de que precisava.
A área social só foi destaque na atual administração no seu último ano. Nesse esforço para equilibrar os investimentos da prefeitura, já que os primeiros três anos priorizaram, entre outras, obras viárias, a saúde recebeu o PAS, e a habitação, o ainda modesto projeto Cingapura. Mas a educação municipal espera por um programa mais ousado.
O próximo administrador da cidade de São Paulo terá de implantar uma política compensatória para o setor. A iniciativa malufista no ensino profissionalizante deve ser mantida, mas o ensino básico precisa ser fortalecido, de preferência longe de excessivos fóruns de debates.

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