São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 1996 |
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Scandurra tenta limpar 'manchas' da MPB
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
Mais que nome, é um conceito -"Benzina" chega como produto químico que pretende dissolver supostas manchas da atual música brasileira. Quais manchas? "É complicado responder, mas acho que o preconceito e o medo do novo precisam ser dissolvidos hoje no Brasil", diz Scandurra. Refere-se ao preconceito contra a dance music eletrônica, à qual se aproxima neste CD. "Comecei a frequentar a cena tecno e disseram que estou pirado, que virei gay. E os clubbers também me olharam desconfiados, se perguntando o que um roqueiro estava fazendo ali", conta. "Sempre busquei um som psicodélico, que faça você viajar sem sair do lugar. Encontrei isso na dance." A busca da psicodelia leva novamente ao conceito: "Minha primeira experiência alucinógena foi com benzina; o CD é até uma homenagem a isso". Scandurra é testemunha e agente da migração da qualidade psicodélica da música do rock à dance. "O rock perdeu com o tempo a função de divertimento. Aqui, foi a música mais expressiva durante a abertura. Ficou muito comprometido com mensagem." Daí a nova virada. "Sentia falta de entretenimento, de viajar na música como a melhor droga do mundo. É o que busco neste CD." Mas "Benzina" é recheado de rock -do melódico ao pauleira. E de influências orientais, de baladões rasgados, de pop acústico, de música instrumental. Nem por isso ele busca a fragmentação. "Tenho receio dessa coisa de colcha de retalhos, desse ecletismo meio forçado. Uso referências diversas, mas que passam sempre pela psicodelia." Nenhum rancor com o rock. "Não condeno o rock ortodoxo, muita gente que é nostálgica. Oasis e Blur poderiam ser influenciadas pelo Ira!, se o Ira! fosse inglês. Me sinto meio primo deles", afirma. Diz se identificar com a cena inglesa. "Fui mod, punk, de tudo um pouco. Agora, nunca tinha ouvido Chemical Brothers, e percebi que há batidas parecidas no meu disco. Essas coisas estão no ar, pego sem saber." Por fim, adverte: "Não acho que devo procurar o novo só por ser novo. O legal é não ser ortodoxo nem com o tradicionalismo nem com o vanguardismo". Disco: Benzina Artista: Edgard Scandurra Lançamento: Rockit/Virgin Preço: R$ 20, em média Texto Anterior: 'Nome' tem alma do Oscar Próximo Texto: Disco transborda modernidade Índice |
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