São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Leia os principais trechos do primeiro debate direto entre Pitta e Erundina

2. Acidente da TAM e Congonhas entram no centro da discussão
Erundina - Secretário, o senhor sabia que o prefeito em janeiro se reuniu com o presidente da Infraero para discutir um projeto de ampliação do Aeroporto de Congonhas? Que ele se dispunha a construir alguns viadutos para facilitar o acesso e que ele ficou entusiasmado com aquele projeto?
Pitta - Nós estamos diante de uma grave tragédia na cidade de São Paulo. Essa tragédia tem um sentido de alerta muito grande. Imaginem os senhores, por exemplo, se o avião, ao decolar, ao invés de decolar no sentido Jabaquara, decolasse no sentido Moema. Ele iria cair em uma área densamente povoada, dando a essa tragédia maiores proporções do que a que infelizmente aconteceu. A localização desse aeroporto na cidade de São Paulo é um tema que tem que ser analisado. A minha colocação e a do prefeito no programa de ontem foi a de que esse assunto, independentemente de quem venha a ser o prefeito ou prefeita da cidade de São Paulo, deva ser examinado, deva ser aprofundado. Nós estamos falando de vidas humanas.
Se nós temos uma idéia de ampliação desse aeroporto e se nós estamos diante dessa tragédia, nada mais oportuno do que reconsiderar tudo o que está sendo pensado em torno desse aeroporto. Inclusive por que existem alternativas de localização que poderiam ser exercitadas. Existe alternativa de localização no eixo da Rodovia Castelo Branco, existe alternativa de localização no eixo da Rodovia Bandeirantes. Agora, todos hoje têm consciência do enorme risco que a cidade atravessa tendo essas operações de grande quantidade de aviões no centro da cidade.
Erundina - Por que só agora o prefeito se deu conta disso? Ele ficou tão entusiasmado com o projeto; estava até já fazendo o projeto dos viadutos e túneis para facilitar o acesso ao aeroporto que seria ampliado.
Pitta - Bom, eu faço o seguinte reparo. Nós estamos diante de uma comoção muito grande em razão dessa tragédia ocorrida na cidade de São Paulo. Eu acho que nós não devemos nos utilizar dessa emoção, dessa comoção, com propósitos político partidários. Eu acho que é um momento de reflexão, eu acho que é um momento de se reavaliar tudo o que há de bom e o que há de mau na localização desse aeroporto e a mensagem que eu acredito seja a mais profunda é essa: "vamos repensar o Aeroporto de Congonhas".
Matinas - Vamos agora à pergunta do candidato Celso Pitta.
Pitta - A senhora sabe que aumentou consideravelmente o número de funcionários públicos na sua gestão. São mais de 35 mil servidores, entre ativos e inativos, que foram herdados. A senhora pretende continuar com essa política caso seja eleita?
Erundina - No segundo governo nosso, nós vamos continuar priorizando o social: saúde, educação, bem-estar social, transporte coletivo, moradia popular, infra-estrutura urbana, e, consequentemente, serviços públicos supõem recursos humanos treinados, valorizados. No nosso segundo governo vamos investir pesado no social e, consequentemente, precisaremos de recursos humanos.
Pitta - Na realidade, a senhora que diz que dispensou ao funcionalismo público bom tratamento, na realidade, em dezembro de 92, quando nós tínhamos uma inflação de 27%, a senhora concedeu ao funcionalismo público reajuste de 0,7%, e provocou, inclusive, uma reação muito agressiva por parte do funcionalismo público.
Erundina - A política salarial que nós adotamos era um política do governo anterior, Jânio Quadros, que estabelecia reajustes mensais a partir da receita, que estabelecia um mínimo de 47% e um máximo de 58% de acordo com a receita. Portanto, havia uma lei municipal, e costumo cumprir a legislação.

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