São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Maluf multa menos que Erundina e Jânio

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO; LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Jânio Quadros foi o campeão em multar carros particulares. O prefeito fazia do uso da caneta contra motoristas um instrumento de marketing. Várias vezes foi fotografado multando carros na rua de próprio punho.
A ânsia janista de autuar quem cruzasse um sinal vermelho, porém, transcendeu a propaganda e bateu recordes. Em 88, Jânio aplicou 4,1 milhões de multas -cerca de uma para cada carro, na média.
Desde então, ninguém bateu seu recorde. Na média, o governo Erundina aplicou 3,5 milhões de multas por ano.
No primeiro ano de seu mandato, foram 3,2 milhões de infrações. Esse número cresceu, ano a ano, proporcionalmente ao tamanho da frota, até chegar a 3,8 milhões em 92. Na média, foram 0,77 multas por carro/ano.
No seu primeiro ano, Maluf fez cair para 2,2 milhões o número de multas anuais. Desde então, as autuações cresceram pouco e chegaram a 2,6 milhões no ano passado, quando apenas um a cada dois carros, em média, foi multado.
Apesar de Jânio ter multado mais, foi Erundina quem ficou com a fama. Tanto, que, a campanha eleitoral de Maluf em 92 espalhou pela cidades outdoors com a frase "Multas? Maluf vem aí".
Parte da fama pode ser creditada aos "marronzinhos", fiscais de trânsito criados na gestão do PT a partir de um convênio com o Estado. Até o convênio, firmado em 91, apenas a PM, que é ligada ao Estado, podia multar.
Aprovado o convênio, os 2.500 PMs que atuavam no trânsito começaram a receber o apoio dos "amarelinhos" (como eram chamados pela prefeitura) ou "marronzinhos" (como foram batizados pela população).
"Colocamos os amarelinhos para fiscalizar os corredores de ônibus, impedindo que carros de passeio atrapalhassem a passagem", diz Ailton Brasiliense, que foi presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) na gestão do PT. No final da gestão petista, havia 4.100 "marronzinhos". Hoje, são cerca de 3.000.
(JRT e LHA)

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