São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Silva esbarrou em preconceito

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Para selecionar os 370 meninos, Roberto da Silva examinou inicialmente 37 mil processos abertos em São Paulo de 1958 a 1964, todos envolvendo crianças.
Encontrou as autos no arquivo morto do Judiciário. Entre as milhares de ações, separou as que tratavam de abandono. E, destas, extraiu os 370 casos.
Encaminhou-se, então, para o Serviço de Cadastro de Menores, que pertence à Febem. Lá achou os prontuários dos meninos -as pastas com o histórico do que cada garoto viveu nos internatos.
Consultou, em seguida, o Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, subordinado à Polícia Civil. Descobriu ali quais dos meninos cometeram crimes quando adultos.
Silva começou a tese em março de 1994. Para obter todos os documentos legalmente, precisou percorrer um extenso trâmite burocrático. Algumas negociações chegaram a durar oito meses.
Às vezes, esbarrava em preconceitos. No dia 20 de junho de 1995, o delegado Jorge Miguel mandou uma carta à USP explicando por que achava melhor não abrir os bancos de dados da Polícia Civil.
"São sigilosos", escreveu. Mas, logo abaixo, alertou: "Pesquisamos o nome e o RG do interessado (Roberto da Silva) e constatamos que o mesmo registra inúmeras passagens criminais".
(AA)

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