São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Andar de carro é mais perigoso que voar

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Em 1995, 177 pessoas morreram em acidentes de avião nos EUA, contra 43.900 em acidentes de automóvel. Mesmo levando em consideração que muito mais pessoas viajam de carro do que de avião, ainda assim as chances de morrer em terra são maiores do que no ar.
A Lloyd's de Londres, talvez a mais famosa agência de seguros do mundo, calcula que a possibilidade de morrer em desastre automobilístico é 20 vezes maior do que em desastre aéreo.
Como qualquer estatística, essa também admite qualificações. Motoristas de 40 anos de idade, sóbrios, com cinto de segurança e em carros mais pesados que a média aumentam muito suas chances de sobreviver. Um estudo diz que esse tipo de pessoa corre os mesmos riscos, no ar ou em terra.
Arnold Barnett, professor de estatística do MIT (Massachusetts Institute of Technology), discorda.
Ele acha que não se pode comparar uma viagem de carro com motorista qualificado com todos os vôos. Aplicando fatores como confiabilidade da empresa aérea e tipo de avião, conclui que voar ainda é cinco vezes mais seguro.
Em 1995, foram feitos 12 milhões de vôos, com 500 milhões de passageiros. Houve 2,9 acidentes para cada 1 milhão, com 177 mortos.
Em comparação, 26.400 dos 264 milhões de norte-americanos morreram em 1995 em acidentes dentro de casa. Mas as pessoas estão em casa todo dia e só às vezes no avião, o que dificulta conclusões sobre o que é mais perigoso.
Mas há quem ache que estar num avião é mais seguro do que estar em quase qualquer outro lugar: 5.300 pessoas morreram em acidentes no trabalho, 4.500 afogadas, 1.400 ao mexer com armas de fogo sem intenção de morrer.
Doenças cardíacas são a maior causa de morte nos EUA (734 mil em 1994). Depois, vêm o câncer (536.860), problemas cerebrais (154.350) e respiratórios (101.870). Os acidentes são quinto -os aéreos são cerca de 0,2% do total.
Como boa parte das doenças é causada pelo fumo, o cigarro foi apontado pela Escola de Saúde Pública de Harvard, num estudo sobre a morte, como maior "assassino" contemporâneo.
Barnett diz que é impossível comparar os riscos de quem fuma com os de quem viaja de avião.

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