São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DITADURA COM CAPITAL

A condenação na China a 11 anos de prisão de Wang Dang, um importante ativista da geração do levante da praça da Paz Celestial, novamente traz à luz do dia o caráter intolerante da gerontocracia que domina o país. E também evidencia, mais uma vez, a disposição do regime comunista de firmar posições diante do Ocidente.
Neste ano, houve episódios reveladores desse ânimo que beira a afronta: dos atritos envolvendo fronteiras e recursos marítimos às dificuldades com Taiwan, passando por tensões comerciais com EUA e Alemanha.
Tem sido frequentemente invocada a tese de que a China, enquanto oferecer o seu incalculável potencial de consumo e de mão-de-obra barata, atrairá capitais estrangeiros. De fato, a economia chinesa tem sido campeã mundial como destino dos investimentos em mercados emergentes.
Entretanto, esse estado de coisas não é imutável. O país ainda enfrenta fortes restrições para ser aceito na Organização Mundial do Comércio, e os Estados Unidos, embora tenham sempre cedido, ainda são o país que mais perde com o total desrespeito à propriedade intelectual na China.
Assim, embora a ditadura de Pequim mantenha-se incólume, e os investimentos externos revigorem a sua política de desrespeito sistemático aos direitos humanos, pode-se conjeturar que, mesmo na economia, haja dificuldades relevantes. E que talvez um dia constituam um elemento a mais que force as lideranças chinesas a assumir compromissos crescentes com a democracia.

Texto Anterior: DEBATE DEFICITÁRIO
Próximo Texto: São Paulo e o purgatório
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.