São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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São Paulo e o purgatório

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Fala-se tão mal da cidade de São Paulo que ela parece paciente terminal, não só como local para viver, mas, principalmente, como foco de atração para negócios.
Agora, surge pesquisa que mostra o oposto: São Paulo pula do 12º para o 5º lugar no mundo entre as cidades que as grandes multinacionais escolheriam como local para investimentos. Antes dela, só Xangai, Hong Kong, Cingapura e a Cidade do México.
A pesquisa foi divulgada no mais recente "Update", o boletim da Câmara Americana de Comércio no Brasil.
Foi feita nos Estados Unidos, por encomenda da Cushman & Wakefield Worldwide, descrita como "uma das maiores empresas de consultoria na área de imobiliária comercial do mundo", e ouviu 250 altos executivos de multinacionais.
São Paulo aparece com frequência acima da média como ponto preferencial para investimentos em fábricas e em operações de marketing. Mas não está entre as preferidas para as atividades de venda, distribuição, finanças, administração e pesquisa e desenvolvimento.
A sedução que São Paulo exerce não chega a ser surpreendente, até porque o principal item que os pesquisados mencionam como determinante para decidir onde colocar um novo investimento é a proximidade dos mercados. A cidade é, obviamente, o maior mercado do Brasil.
Mas há uma certa surpresa no item "ativismo sindical", que muita gente acha que desalenta o empresariado. Apenas 37% dos executivos consultados citam o custo da mão-de-obra como um elemento que pesa na escolha.
Mais: 60% afirmam que é muito importante ter disponibilidade de mão-de-obra qualificada e bem treinada. Como é óbvio, gente qualificada e bem treinada ganha salários pelo menos razoáveis.
Parece que esta tão adorável quanto insuportável cidade pode não ser o paraíso, mas pelo menos ainda não desceu do purgatório para o inferno.

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