São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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PFL nas duas

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O pragmatismo pefelista pode chegar ao extremo no início do ano que vem, com a possibilidade de o partido acabar dominando a presidência das duas Casas do Congresso.
Absurda à primeira vista, a hipótese tem razoável conexão com a realidade. Senão, vejamos.
No Senado, a presidência está cada vez mais próxima de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
"Vejo fofocas nos jornais e querem que eu reaja com violência. Eu não farei isso. Também não vou ficar parado quando me atacarem. Mas vou ter uma atitude mais calma daqui para a frente", diz ACM.
O cacique baiano demonstra que já entendeu qual deve ser sua postura para ganhar a presidência do Senado.
Na Câmara, os dois partidos com mais chances de manobrar são o PMDB e o PFL. Só que os peemedebistas estão se engalfinhando numa luta de vida ou morte para ver quem será o candidato do partido.
É provável que fevereiro chegue e o PMDB vá para o plenário com mais de um candidato para disputa.
Nesse cenário floresce a candidatura única do PFL, com o deputado Inocêncio Oliveira (PE). "Uma pesquisa me dá 312 votos. Sou imbatível se disputar", diz ele.
É um pouco discurso de candidato. Mas Inocêncio tem algumas características clássicas para vencer a disputa pela presidência da Câmara: é nordestino e conversa sem arrogância com todos os parlamentares.
Como se não bastasse, dentro do PMDB os dois nomes com chances têm problemas sérios de aceitação.
Michel Temer é odiado por Paulo Maluf (PPB) e por José Sarney (PMDB). Com dois inimigos assim, as coisas ficam complicadas.
Luiz Carlos Santos é o outro peemedebista candidato. É do tipo que está sempre bem com todos os caciques. "Só que não tem votos aqui entre os deputados", lembra Inocêncio.
Por tudo isso, o PFL tem chances de acabar sendo o partido hegemônico na burocracia do Congresso. Ainda é cedo, mas é uma possibilidade.

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