São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dez bebês morrem em um mês em hospital de Niterói

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Dez recém-nascidos morreram no berçário do Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói (13 km do Rio), entre os dias 16 e 30 de outubro. A causa mais provável é uma infecção causada por bactérias, que estariam proliferando no berçário.
Exames preliminares confirmaram a presença das bactérias klebisiella e pseudomonas no organismo dos bebês. O berçário, que tem capacidade para 34 crianças, tinha ontem 40.
Sete, em estado mais grave, haviam sido transferidos na sexta-feira para a UTI do Hospital Municipal Infantil Getúlio Vargas Filho, também em Niterói.
O total de óbitos é alto. De acordo com padrões da OMS (Organização Mundial da Saúde) é aceitável um índice de 6% de mortalidade em maternidades de alto risco -caso do hospital Antônio Pedro, onde são atendidas gestantes com problemas de saúde e prematuros.
Em outubro, 96 bebês nasceram e 12 morreram -10 deles na segunda quinzena-, o que equivale a um índice de 12,5%.
Ontem à tarde, dos 40 recém-nascidos que estavam no berçário, 25 estavam sendo medicados com antibióticos. Oito estavam internados na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) -quatro deles por causa da infecção.
O Hospital Universitário Antônio Pedro é ligado à UFF (Universidade Federal Fluminense).
Os corpos foram submetidos a necropsia no próprio hospital, mas os exames histológicos (de análise dos tecidos e órgãos) só devem ficar prontos em 30 dias.
"Para controlar esse surto, não poderia deixar mais ninguém entrar no hospital, mas, se fizer isso, serei acusado de omissão por não atender parturientes. Não sei o que fazer", disse o diretor.
Segundo Andrade, pode ter havido negligência na higiene. "Bactéria não voa, não pula de um berço para outro. Precisa que alguém a leve", disse.
O médico afirmou que a negligência na higiene pode ter sido causada pela superlotação do berçário. "Uma enfermeira pode estar atendendo uma criança e outra começar a passar mal. A pessoa corre para atender outra criança e não tem tempo de lavar as mãos."

Texto Anterior: O que já se sabe sobre o acidente
Próximo Texto: Não há opção de transferência
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.