São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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Está na cachola

GUSTAVO BERG IOSCHPE
ESPECIAL PARA A FOLHA

"É piçicológicu", dizem os -digamos- entendidos. A verdade é que o seu preparo emocional é um ingrediente fundamental para o sucesso no vestibular.
Se você imaginar uma escala que vai de "mais perdido do que cego em tiroteio" até "tranquilo como cozinheiro de hospício", posso dizer com certeza que a grande maioria dos aprovados se concentra no lado dos tranquilos.
Mil neuras passam pela cabeça de vestibulando e há gente que não aguenta. Para passar, você tem de estar autoconfiante, tipo "sou o rei da cocada preta". Tem de estar com aquele ar de "já passei", deslizando o minguinho cuspindo pela sombrancelha, saca?
Tem gente que está com tanto medo na hora da prova que acaba empacando -o famoso "deu branco" é típico de quem está uma pilha de nervos.
Você pode estar pensando que quem sabe o conteúdo está tranquilo e quem não sabe tem de ficar nervoso mesmo -ou que autoconfiança é algo pessoal e que não pode ser criado do nada- mas não é bem assim.
Claro que quem não sabe patavinas pode ficar bem "relax" que o fracasso é certo, ou que aquelas pessoas que ficam beijando o espelho e se elogiando ("Tá bonito, hem, garanhão? Não tem ninguém para se meter com o papai aqui" etc.) não precisam de dica nenhuma.
Como a maioria dos mortais não está nesses extremos, é importante prestar atenção no seu preparo psicológico.
Em primeiríssimo lugar, você tem que se convencer que vai passar. Quando algum espertinho lhe perguntar: "E aí, vai dar para passar?", não responda "Pois é, acho que não" e sim "Não, vou passar sem dar". Oigalê bosta!, como dizem no Rio Grande. Impondo respeito.
Depois, tem de se convencer de que está sabendo a matéria. Quando um conteúdo tiver sido estudado, não fique cheio de dúvidas e voltando ao mesmo material. Se está sabido, acabou o papo. Acabe com as incertezas antes que elas acabem com você.
Por último as aparências. Aja como quem está calmo: vá ao cinema, namore, se divirta. Se você conseguir convencer aos outros de que está tudo em cima, você também acaba acreditando.
Sinta-se bem com você mesmo, confie no seu taco.
Aqui entre nós: pode até fazer umas poses no espelho, se chamar de gostosão. Mas baixinho, porque senão a camisa-de-força pega...

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