São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996 |
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Novos impostos causam revolta
DANIELA ROCHA
"O governo está partindo da premissa que o povo é burro para adotar uma medida como essa", afirmou João Augusto, vice-presidente de artistas e repertório da gravadora EMI-Odeon. A proposta em estudo pela comissão do Ministério da Cultura é taxar em 30% sobre o valor declarado na importação de matrizes de músicas estrangeiras. Além desse, um novo imposto seria criado. Ficaria estipulado o recolhimento anual de uma taxa equivalente a 10% sobre os royalties gerados pela venda de fonogramas estrangeiros no Brasil. "Em última instância, quem acaba pagando é o público consumidor", afirmou o gerente de marketing da gravadora Virgin, João Franklin. "É um imposto altíssimo", afirmou o secretário-executivo da ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos), Roberto Souto. "O problema é que todas essas medidas estão indo contra a tendência do mercado", disse. Segundo Souto, o faturamento da indústria fonográfica do Brasil estimado para 96 é de US$ 950 milhões com a venda de 90 milhões de unidades -72% desse montante é música brasileira. Ou seja, do total vendido, 63 milhões são discos brasileiros, que renderiam US$ 665 milhões. "Partimos para a globalização. Criar impostos para reduzir a entrada de música estrangeira é um retrocesso. É privar o público do que está acontecendo no mundo", disse Franklin. Para o secretário-executivo da ABPD, o público vai continuar consumindo música estrangeira. "Não é possível atribuir por lei a vontade do público", disse. Para o vice-presidente da Virgin, João Augusto, a medida "é lamentável". "É um erro achar que, porque taxam a música estrangeira, o povo vai trocar o disco que compraria por um brasileiro." Texto Anterior: França e Portugal têm lei protecionista Próximo Texto: REPERCUSSÃO Índice |
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