São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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Exemplo na saúde

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O presidente Fernando Henrique Cardoso tinha uma crítica principal em relação ao ex-ministro da Saúde Adib Jatene. Dizia que Jatene não havia conseguido racionalizar os gastos na sua área.
Em outras palavras, orientado pelos seus assessores, FHC achava que Jatene teria como economizar um pouco da montanha de dinheiro que o Ministério da Saúde recebia.
O orçamento para este ano do Ministério da Saúde é de R$ 15,4 bilhões. Esse valor equivale a aproximadamente cinco vezes o tamanho do PIB do Uruguai.
Um exemplo de que é possível conter gastos malfeitos com a saúde é o da Prefeitura de Belo Horizonte. Lá, desde novembro de 94, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a ser operado diretamente pelo prefeito.
É o prefeito da capital mineira quem determina o que e como pagar. Mensalmente, Belo Horizonte consome R$ 18 milhões. O valor é quase o mesmo desde quando começou o sistema de administração direta, conhecido como semipleno.
Depois de 14 meses, Belo Horizonte economizou R$ 37.658.423,79. Essa fortuna acabou se transformando em R$ 42 milhões em março deste ano. "Nos primeiros meses, economizamos cerca de 19% do dinheiro que chegava, pois havia muita fraude", diz o secretário de Saúde de BH, César Campos.
De março para cá, a reserva foi gasta. Mas Belo Horizonte ganhou seis novos prontos-socorros 24 horas, reformas em 92 dos 125 centros de saúde e inúmeras outras benfeitorias.
É certo que os R$ 18 milhões mensais não são suficientes para Belo Horizonte ter um serviço de saúde de Primeiro Mundo. Mas é mais certo ainda que R$ 18 milhões podem resultar numa gestão pelo menos razoável.
Que dirá a montanha de dinheiro que o Ministério da Saúde administra.
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José Sarney informa que não tem nada contra Michel Temer, ao contrário do que se afirmou neste espaço no último domingo. Aliás, os dois andam conversando muito ultimamente.

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