São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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FHC quer Santos na direção da Câmara

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A vaga a ser aberta no Supremo Tribunal Federal com a saída de Francisco Rezek, em maio do próximo ano, ajudará o Palácio do Planalto a acomodar seus aliados e a definir os nomes para a coordenação política do governo e a presidência da Câmara.
O presidente Fernando Henrique Cardoso deseja ver o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) na presidência da Câmara e o atual presidente da Casa, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), na coordenação política do seu governo em 1997.
Presidência da Câmara
Para atingir esses objetivos, FHC pretende aproveitar a reforma ministerial e acomodar os demais aliados candidatos à presidência da Câmara, entre eles os líderes do PMDB, Michel Temer (SP), e do PFL, Inocêncio Oliveira (PE).
Temer assumiria o Ministério da Justiça após a saída de Nelson Jobim para ocupar a vaga de Rezek no Supremo. Seria a única forma de afastar o peemedebista da disputa e abrir caminho para Santos. O atual líder tem o apoio da maioria da bancada.
FHC chegou a cogitar da nomeação de Temer para a Justiça, no início do seu governo. Jobim seria o consultor-geral da República. Como Jobim insistiu em ser ministro, Temer ficou sem o cargo, mas ganhou a liderança da Câmara.
O problema do governo é que o líder peemedebista não quer mais o ministério. Prefere ser presidente da Câmara em 97. "Tenho o apoio da maioria da bancada. Essa posição foi construída durante dois anos. Não poderia desistir agora", afirma o deputado.
Mas o líder do PMDB sabe que enfrentará a articulação de Santos no Planalto. Fatalmente, virá o convite para a pasta da Justiça.
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira, chegou a ser sondado para o lugar de Adib Jatene no Ministério da Saúde. Foi ao Planalto, na terça-feira, e disse ao presidente: "Não aceito, não desejo ser ministro. Tenho outras formas de servir ao país, como presidente da Câmara ou líder do PFL."
O Planalto prefere, na verdade, que o deputado se mantenha na liderança do PFL. Ele e Luís Eduardo Magalhães são considerados os únicos líderes capazes de manter o PFL unido e ao lado do governo.
O atual presidente da Câmara afirma que não ocupará nenhum ministério no próximo ano. Mas será convidado a ocupar a coordenação política do governo, seja no Ministério da Justiça, na Casa Civil ou no Ministério Extraordinário para a Coordenação de Assuntos Políticos.
Planos de Luís Eduardo
Luís Eduardo prefere ficar liberado para articular os próximos passos da sua carreira. No mínimo, tentará o governo da Bahia em 98. Se a emenda da reeleição não for aprovada, será pré-candidato a presidente da República.
Na sucessão para a Câmara, o filho de Antonio Carlos Magalhães vai manter o acordo feito com o PMDB em 95, quando foi eleito. Apoiará o candidato peemedebista, desde que o partido não dispute a presidência do Senado contra seu pai.

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