São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Surgem primeiros casos de cólera

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um médico de uma organização humanitária disse ontem que uma epidemia de cólera ameaça 250 mil hutus de Ruanda que estão em um campo de refugiados do leste do Zaire.
Segundo o médico argentino Walter Bonifazio, do grupo Médicos em Situações Catastróficas, um surto de cólera começou no sábado no vilarejo de Mwenga, 200 km a oeste da fronteira do Zaire com Ruanda.
"Há também disenteria e desnutrição. Isso, junto com as condições das 250 mil pessoas, é como atirar gasolina no fogo", disse ele.
Bonifazio, que está em Kigali (capital ruandesa), disse que a notícia do aparecimento da doença foi dada a ele por colegas que trabalham em Bukavu, na fronteira do Zaire com Ruanda. Ele afirmou desconhecer o número de mortos até agora.
"Será impossível calcular as perdas humanas. É uma bomba, uma bomba muito grande, e as pessoas vão morrer como moscas a não ser que a ajuda chegue logo."
O médico disse que a população do vilarejo é refém de ex-milicianos hutus de Ruanda e de tropas do Zaire.
O grupo Médicos Sem Fronteiras estima que estejam morrendo mil pessoas por dia no Zaire.
O cólera matou pelo menos 30 mil refugiados em poucas semanas durante aos conflitos de 1994, depois da fuga de hutus de Ruanda.
A doença pode ser rapidamente transmitida por moscas atraídas por cadáveres de vítimas.

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